Em suas redes sociais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar a Operação Lava Jato nesta quarta-feira (21). Lula afirmou que a última denúncia da força-tarefa, de que a Odebrecht teria comprado dois imóveis para ele, mostra o “grau de loucura que a Lava Jato chegou na sua perseguição contra o ex-presidente”. O texto critica promotores, por atribuírem a Lula bens que não são dele, e principalmente o juiz federal Sergio Moro, por aceitar uma “denúncia absurda”.
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Lula também se opõe a acordos de delação premiada que “tiraram da cadeia pessoas que receberam milhões de reais em desvios da Petrobras”.
Na segunda-feira (19), Moro aceitou mais uma denúncia contra o ex-presidente e transformou Lula em réu de uma ação penal pela quinta vez. O Ministério Público Federal (MPF) acusa a Odebrecht de comprar um prédio para a instalação do Instituto Lula em São Paulo e um apartamento vizinho ao utilizado pelo petista em São Bernardo do Campo, no ABC. O edifício nunca foi utilizado por Lula e não recebeu o instituto. Já o apartamento, de acordo com o ex-presidente, é alugado. Ele está registrado no nome de Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai.
Lula diz, na nota publicada na manhã desta quarta-feira (21) em seu perfil de Facebook, que “a Lava Jato abriu um processo contra Lula por ele não ter recebido um terreno, que segundo a operação, seria destinado ao Instituto Lula. A Lava Jato reconhece, porque é impossível não reconhecer, que o terreno não é nem nunca foi do Instituto Lula ou de Lula. É o grau de loucura que a Lava Jato chegou na sua perseguição contra o ex-presidente”.
O ex-presidente relembra o gráfico apresentado pelo procurador Deltan Dallagnol, em setembro, em que o nome de Lula estava no centro, cercado por setas e palavras como “petrolão”, “propinocracia”, “perpetuação criminosa no poder” e “enriquecimento ilícito”.
Os advogados do petista estão pedindo uma indenização de R$ 1 milhão por causa dessa apresentação. “Ao invés de investigar e apresentar denúncias sobre delitos reais, (...), persegue delitos que só existem na imaginação de Power Point de alguns promotores, e ficam atribuindo imóveis que não são de Lula para o ex-presidente.”
A nota do instituto também utiliza um argumento que vem sendo repetido por Lula e seus advogados, de que a operação tem o objetivo político de impedir que ele seja candidato à Presidência da República nas próximas eleições: “O juiz Sergio Moro aceita uma denúncia absurda dessas em poucos dias, porque o importante é gerar manchete de jornal e impedir Lula de ser candidato em 2018”.
Kafka e Spielberg
O título da nota faz referência a duas obras culturais: “Lava Jato supera Kafka e Minority Report: acusa Lula por não receber terreno”. Em 1925, o escritor checo Franz Kafka lançou “O Processo”, romance que conta a história de Josef K., um cidadão que descobre, ao acordar, que é réu em um processo longo e burocrático por um crime não especificado.
Já “Minority Report” é o nome de um filme de 2002 do diretor Steven Spielberg, baseado em um conto de mesmo nome do escritor americano Philip K. Dick. Segundo a obra de ficção, em um futuro distópico, a polícia tem uma divisão de paranormais capazes de prever crimes antes que eles ocorram, o que faz com que criminosos em potencial sejam presos antes mesmo de matar uma pessoa, por exemplo.
Outro lado
A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com a coordenação da Operação Lava Jato, que preferiu não se manifestar.
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