Jaques Wagner, ministro da Defesa| Foto: Amanda Oliveira/Governo da Bahia/Divulgação

O ministro da Defesa, Jaques Wagner, afirmou nesta sexta-feira (30) que está disposto a prestar depoimento no processo gerado pela Operação Lava a Jato, da Polícia Federal. Ele foi arrolado como testemunha pela empreiteira UTC.

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"Não fui comunicado por eles, soube pelo jornal. Mas, se for a minha obrigação, irei para dar um depoimento do que conheço dele. Empresário [Ricardo Pessoa, dono da UTC], tem investimento na Bahia. Pelo menos nas relações que nós tivemos lá, eu não tenho nada para registrar de errado."

Questionado pela reportagem se ele considerou sua citação no processo como uma forma de intimidação, ele disse que não. "Na verdade eu não fui consultado, mas é um direito dele fazer o convite. Não tenho nenhum problema de falar daquilo que ele investe lá [na Bahia]. Ele é parte do consórcio do estaleiro, tem uma obra civil fazendo, e tem um pequeno aeroporto que ele tem concessão, que é o aeroporto de Feira de Santana, que ainda é um aeroporto em desenvolvimento. Estou muito à vontade. Não cria nenhum constrangimento. Às vezes o constrangimento é como é usada a notícia, mas a notícia em si não é constrangimento nenhum".

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Ele não explicou a que obras se referiu. Em 2010, a UTC doou a Wagner, então candidato ao governo da Bahia, R$ 2,4 milhões.

Questionado sobre a situação de Graça Foster, presidente da Petrobras, o ministro disse que não tem conhecimento sobre uma possível saída dela do cargo. "Não, [Graça Foster não perdeu sustentabilidade]. Quem nomeia ou exonera a presidência da Petrobras é a presidente da República. Não tenho nenhuma informação de perda de sustentabilidade."

Sobre a crise financeira da petroleira, ele afirmou que "qualquer empresa de petróleo no mundo, em função da queda do preço do barril, seguramente tem sua avaliação diminuída".

"O episódio tem que ser concluído. Mas a Petrobras tem um sistema de decisão que pode ter mostrado essa fragilidade em relação a esses episódios, mas temos que esperar o conjunto da investigação, até porque ela partiu da parte de um dos diretores da companhia, e reforçar todo o sistema de gestão para prevenir qualquer episódio semelhante."

Wagner disse que a preocupação central do governo é que as pessoas, e não as empresas ou instituições, sejam prejudicadas pelas irregularidades que a Lava Jato desvelou.

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"As pessoas, pessoas físicas, têm que ser responsabilizadas. A instituição, e as empresas brasileiras que são fundamentais porque elas representam o acúmulo da nossa inteligência, [não]. Temos que jogar a água suja fora mas não jogar a criança junto. A preocupação do governo é a continuidade do desenvolvimento econômico brasileiro. E para isso não podemos prescindir de empresas. As empresas têm que continuar. Uma empresa, qualquer uma dessas citadas, representa a inteligência nacional. Elas exportam conhecimento. Temos que preservar isso."

Câmara

O ministro também comentou a eleição na Câmara, em que o candidato petista, Arlindo Chinaglia (PT-SP) deve perder para o peemedebista Eduardo Cunha (RJ).

"A dificuldade não foi criada nem pelo Partido dos Trabalhadores nem pelo governo. Existe uma tradição, que já perpassa oito anos, de alternância dos dois maiores partidos da Câmara, e coincidentemente da base, na presidência. A não aceitação da continuidade dessa sistemática, que na verdade pacificou a base, foi que criou essa situação que, de muito tempo, é a primeira. O melhor caminho seria voltar, retomar o acordo de alternância. [Ele] foi rejeitado pelo candidato do PMDB", afirmou.

"Se as regras forem queimadas, se os acordos não forem respeitados, aí sim você gera uma instabilidade. Eu, como acho que a paciência é a mãe dos acordos, até domingo pacientemente esperarei para que o rio volte ao leito natural."

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