A Justiça Federal mandou quebrar o sigilo bancário e fiscal do ex-deputado e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, informou na noite de quinta-feira (22) o Jornal Nacional, da Rede Globo. A decisão, segundo a reportagem, também vale para o irmão de Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, e para a empresa deles, a JD Assessoria e Consultoria Ltda.
O Jornal Nacional citou que o Ministério Público Federal (MPF) viu indícios de que a JD recebeu recursos de empreiteiras ligadas ao esquema de corrupção na Petrobras, desvendado pela Operação Lava Jato. Segundo a decisão da Justiça, citada pela Rede Globo, a JD Assessoria e Consultoria recebeu, entre 2009 e 2013, R$ 3,7 milhões das construtoras Galvão Engenharia, OAS e UTC Engenharia.
Documentos mostrados pelo telejornal afirmam que a consultoria de Dirceu, que foi condenado no processo do mensalão, recebeu R$ 725 mil da Galvão Engenharia, R$ 720 mil da OAS e R$ 1,377 milhão da UTC Engenharia em 2012 e outros R$ 939 mil da mesma empresa em 2013. Executivos das três empreiteiras estão presos na carceragem da Polícia Federal em Curitiba e se tornaram réus em ações penais sobre as denúncias de irregularidades na Petrobras.
Segundo o Jornal Nacional, os procuradores chegaram à empresa de Dirceu ao analisarem documentos da Receita Federal que mostravam as transferências. Ao aceitar as quebras de sigilos, a Justiça disse que o objetivo é identificar se houve outros pagamentos e se Dirceu e o irmão foram beneficiados pelo suposto esquema.
Em nota, José Dirceu confirmou, segundo o Jornal Nacional, que prestou serviços de consultoria às empresas citadas no documento da Justiça Federal. Ele se pôs a disposição para prestar esclarecimentos ao Judiciário.
À Rede Globo, a Galvão Engenharia informou que não se pronunciaria sobre as suspeitas. A UTC Engenharia reconheceu que contratou a JD Assessoria e Consultoria para a prospecção de negócios de infraestrutura no Peru e na Espanha, segundo a reportagem. Na construtora OAS, ninguém foi encontrado para comentar as suspeitas, informou o Jornal Nacional.
Pena do mensalão
O ex-ministro José Dirceu - o homem mais influente politicamente no primeiro mandato do ex-presidente Lula - cumpre pena domiciliar em decorrência do julgamento do processo do mensalão. Em outubro do ano passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barrosoautorizou José Dirceu cumprir em casa o restante de sua pena de 7 anos e 11 meses de prisão devido ao processo do mensalão. Ele deixou a prisão no início de novembro.
O ex-ministro foi preso em 15 de novembro de 2013. Como o ex-ministro trabalhou, estudou e leu livros desde que foi preso, ele pôde abater 142 dias de sua pena. Com isso, a progressão de regime, concedida aos presos após o cumprimento de um sexto de suas sentenças, foi antecipada.
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