O deputado federal José Dirceu (PT-SP), ameaçado de perder o mandato por quebra de decoro parlamentar, presta depoimento nesta sexta-feira ao delegado da Polícia Federal Luís Flávio Zampronha. O ex-ministro vai ser ouvido no apartamento funcional da Câmara que ocupa. O depoimento é reservado, mas uma cópia será encaminhada à CPI dos Correios. Zampronha é responsável pelo inquérito da PF que apura o suposto esquema do mensalão.
Também nesta sexta Dirceu dá entrevista coletiva na Câmara. Ele vai falar sobre as próximas medidas que adotará em relação ao processo a que responde no Conselho de Ética. Dirceu também deve comentar o parecer do deputado Júlio Delgado (PSB/MG), favorável à cassação de seu mandato.
Contrariando a previsão feita pela maioria dos parlamentares, inclusive de companheiros petistas, Dirceu disse na quinta-feira não considerar que a cassação de seu mandato seja tão certa. Alternando momentos de cansaço, algum desânimo e esperança, Dirceu afirmou acreditar que nos últimos dias houve uma mudança de comportamento do plenário em relação a seu caso.
Depois de uma passagem rápida pelo plenário vazio da Câmara, na quinta, Dirceu, em conversa no cafezinho com um pequeno grupo de jornalistas, disse que está preparado para qualquer resultado. Desabafou que seu organismo começa a ficar cansado "dos 150 dias de verdadeira tortura" e do bombardeio constante, mas faz questão de dizer que ainda acredita em surpresas.
O deputado petista disse que não sabe explicar o motivo de "tanta perseguição" desde que assumiu o cargo de chefe da Casa Civil do governo Lula. Disse não acreditar que tenha sido o acúmulo de poder, mas reclamou que, desde que assumiu o governo, não teve uma só semana de sossego.
- Desde que assumi o governo, passei a sofrer uma marcação cerrada. Estava marcado para morrer desde o começo. O caso Waldomiro Diniz foi a avant première - desabafou Dirceu, antes de seguir para um encontro com o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), em seu gabinete.
O processo disciplinar contra Dirceu foi aberto em 10 de agosto. Desde essa data, o parlamentar vem trabalhando em todas as instâncias para preservar o mandato e os direitos políticos.
- Dirceu diz que comportamento de Izar pode comprometer legitimidade de processos
- Leia a íntegra da nota divulgada pelo presidente do Conselho de Ética
- Aberto processo de cassação contra Lorenzoni
- Dirceu a Izar: 'Nota se responde com nota'
- Conselho de Ética instaura processo contra pefelista
- Izar afirma que há intenção de protelação a favor de Dirceu