Relator do Orçamento, senador Romero Jucá diz que Dilma fez apenas o que os partidos queriam.| Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O aumento dos recursos do fundo partidário em tempos de ajuste fiscal se transformou em crise interna no PMDB. Desde a sanção do Orçamento pela presidente Dilma Rousseff sem veto aos R$ 867,5 milhões reservados para custear as legendas, lideranças da sigla deram declarações conflitantes sobre o assunto, rompendo um histórico recente de discurso mais coeso.

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devolução

Após intensa pressão , o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recuou e anunciou nesta quinta (23) que vai devolver parte do dinheiro descontado do salário de deputados que faltaram em março. Hoje o subsídio é de R$ 33.763 brutos.“Salário não é coisa para ninguém estar metendo a mão”, reclama o deputado Cabo Sabino (PR-CE), que teve corte de R$ 5,4 mil no holerite.

Após os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticarem Dilma por não ter vetado a emenda que triplicou a verba, o relator do Orçamento, senador Romero Jucá (PMDB-RR), saiu em defesa da petista.

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“Quero fazer aqui justiça: a presidente Dilma sancionou uma proposta de todos os partidos. Ela não tem responsabilidade quanto a isso. Essa foi uma posição do Congresso”, disse Jucá na tribuna do Senado. O senador afirmou que as legendas pediram que o acréscimo fosse de R$ 1,2 bilhão, mas, por causa da atual situação econômica, resolveu apresentar um valor menor.

“Fui procurado pela grande maioria dos partidos políticos, todos apavorados. Não havia recursos para que pudessem funcionar neste ano. Por conta de várias questões políticas, as doações empresariais cessaram”, afirmou Jucá, sem citar a Operação Lava Jato, apontada como principal motivo para a queda na arrecadação das legendas.

A falta de sintonia na cúpula do PMDB também opôs Renan e Cunha em relação à regulamentação da mão de obra terceirizada, aprovada pelos deputados e à espera de análise dos senadores. Na polêmica do fundo partidário, o vice-presidente Michel Temer foi obrigado a se corrigir, depois de dizer que Dilma contingenciaria a verba – o que é proibido.

Para remediar a confusão, Temer disse que o PMDB não vai usar 25% da verba que receber da União. O partido, porém, ainda estuda se e como poderá devolver os recursos. O tesoureiro do PMDB, senador Eunício Oliveira (CE), não quis comentar o caso.

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