O julgamento de Suzane von Richthofen e dos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos foi adiado para o dia 17 de julho. A sessão desta segunda-feira acabou inviabilizada pelos advogados, que usaram de recursos legais, porém eticamente duvidosos, para postergar o Tribunal do Júri. Suzane poderá aguardar o julgamento em prisão domiciliar. Os Cravinhos voltaram para a prisão. Para o promotor Roberto Tardelli, que defende a pena máxima para Suzane, a hipótese de uma pena alta passa a ser grande a partir de agora:
- Eles não pensam no depois, mas no agora. A necessidade deles hoje era que o julgamento não saísse - afirmou.
Numa atitude surpreendente e polêmica, os quatro advogados de Suzane abandonaram o Tribunal de Júri do Fórum Criminal da Barra Funda depois de o juiz Anderson Filho ter negado um novo pedido para adiar o julgamento, desta vez por conta da falta de uma testemunha de defesa.
O promotor Roberto Tardelli afirmou que eles não têm limite do ridículo.
- A Justiça não é um circo. Não vamos deixar que eles nos confundam - disse.
A saída dos advogados de Suzane foi precedida do adiamento do julgamento dos irmãos Cravinhos. Os advogados dos dois sequer compareceram ao julgamento, alegando cerceamento de defesa. O advogado Geraldo Jabur admitiu que absolvê-los é impossível.
Numa tentativa desesperada de impedir a realização do júri, o principal advogado de Suzane, Mauro Otávio Nacif, chegou a desacatar o juiz, chamando-o de 'intransigente e de arbitrário'.
O juiz argumentou que o pedido de adiamento era apenas um 'capricho' da defesa, que tentava postergar a sessão por conta da falta da testemunha Cláudia Sorge - uma amiga de Marísia von Richthofen que iria falar sobre a amizade entre mãe e filha.
Anderson Filho disse que tudo não passou de manobra dos advogados e lamentou que não houvesse transmissão ao vivo pela tevê, para aumentar a transparência. Para a próxima sessão de julgamento, nomeou o defensor público Tiago Marin para Suzane, caso dos advogados não apareçam.
- Todo o plenário ficou algemado - disse o juiz. O promotor Roberto Tardelli afirmou que o abandono do Tribunal significaria uma renúncia dos advogados de Suzane e vai entrar com representação na Ordem dos Advogados do Brasil por 'quebra de decoro'. Os advogados, no entanto, dizem que foi apenas 'uma retirada'.
Antes de deixar o Tribunal, Nacif ainda conversou rapidamente com Suzane, que continuou sentada no banco dos réus e praticamente não esboçou reação.
O advogado Denivaldo Barni, ex-tutor de Suzane, que estava sentado na platéia, acabou subindo ao plenário para dizer que não iria renunciar. No entanto, ele não a defende na área criminal.
A manobra dos advogados dos Cravinhos praticamente obrigava à realização primeiro do julgamento de Suzane. Pelas regras do processo, os dois irmãos teriam de ser julgados antes, por serem os primeiros a aparecerem na denúncia. Além disso, eles estão presos, enquanto Suzane obteve direito à prisão domiciliar.
No tribunal, Suzane sentou-se ao lado do ex-namorado Daniel Cravinhos, mas eles não trocaram olhares. De calça jeans e blusa de malha bege, ela permaneceu cabisbaixa .
Antes de seguir para o fórum, Suzane havia pedido que não fosse obrigada a sentar-se ao lado do ex-namorado, Daniel, e do irmão dele, Cristian. Pediu ainda que não ficasse olhando de frente para os jurados.
No julgamento, pela primeira vez desde 31 de outubro de 2004, o irmão de Suzane, Andreas, falará sobre a morte de seus pais. Andreas tinha 16 anos quando seus pais foram assassinados.
- Esse menino não consegue mais ter uma vida como a de todos nós. Ele é perseguido pela mídia, discriminado pelas pessoas e se tornou, sem querer, uma celebridade como vítima remanescente de uma tragédia familiar - afirmou o promotor Roberto Tardelli.
Andreas von Richthofen e Suzane brigam na Justiça pela herança dos pais, avaliada em R$ 2 milhões . No fim de semana, Suzane treinou com os advogados o que iria falar ao juiz.
Diria que quer contar sua história e falaria sobre o relacionamento com Daniel Cravinhos, com quem namorou por dois anos e perdeu a virgindade . Diria também que agiu 'dominada' por ele.
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