O presidente da CPI do Mensalão, senador Amir Lando, disse que o cruzamento de informações realizado na superacareação desta quinta-feira pode comprometer parlamentares cujos nomes ainda não foram citados até agora. A CPI deve preparar uma nova lista de deputados que receberam dinheiro das contas do empresário Marcos Valério, que deverão ser investigados pelo Conselho de Ética da Câmara.

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Os oito convocados para a acareação são acusados de envolvimento no esquema do mensalão. Entre eles Marcos Valério, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o presidente do PL, ex-deputado Valdemar Costa Neto. O motivo da acareação é esclarecer os valores que de fato foram repassados por Valério a base aliada do PT.

Antes do início da sessão, o relator da CPI, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), disse não ter ilusões quanto ao que seria dito. O relator já previa que os depoentes iriam reafirmar o que disseram, mas considerou que a acareação é necessária para confrontar as versões de cada um e qualificar os crimes de obstrução à Justiça cometidos por quem mentiu à CPI. O relator explicou que as quantias que os beneficiários dos saques dizem ter recebido é diferente do que os fornecedores alegam ter repassado.

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Também foram convocados para a acareação o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas, o ex-presidente da Casa da Moeda Manoel Severino dos Santos, o assessor do PP João Cláudio Genu, o ex-tesoureiro do PTB Emerson Palmieri, e a diretora financeira da SMP&B, Simone Vasconcelos.

Até o momento, a superacareação não está servindo para se chegar a um consenso sobre o montante dos recursos. Valdemar Costa Neto reafirmou a versão de que recebeu apenas R$ 6,5 milhões de Valério. Segundo o ex-deputado, esta quantia lhe foi entregue porque ele teve que assumir pessoalmente dívidas de campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, com quem seu partido estava coligado. Costa Neto contou ainda que Delúbio Soares não teve condições de atender seus pedidos de dinheiro durante a campanha eleitoral e que, com o decorrer do tempo, em 2003, após as eleições, começou a autorizar os repasses.

Marcos Valério reiterou que os valores entregues ao PL somam R$ 10.837.500. Ele afirmou, porém, que quando fala sobre este valor, não se refere ao ex-deputado Costa Neto, pessoalmente, mas ao PL. O empresário disse que os recursos para o partido foram repassados uma vez diretamente por ele a Costa Neto e, em outras, por intermédio do ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas e de seu irmão Antônio Lamas. Valério declarou também que apenas parte dos recursos foi entregue em dinheiro. Outra parte do repasse teria sido feita por meio de depósitos e cheques nominais à Guaranhuns Empreendimentos, Intermediações e Participações - empresa considerada de fachada, pertencente à offshore Esfort Trading, usada por Valério para repassar verbas do PT. Marcos Valério disse mais uma vez que o dinheiro que repassou vieram de empréstimos, e não são recursos públicos. Ele disse ainda que os empréstimos estão sendo cobrados na Justiça, que penhorou seus bens.

A diretora financeira da SMP&B, Simone Vasconcelos, por sua vez, afirmou que nunca encontrou Costa Neto nem fez nenhum pagamento a ele, mas a Jacinto Lamas e à Guaranhuns. Já o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares disse que seu partido teria autorizado o pagamento de cerca de R$ 12 milhões ao PL.

Valério e Delúbio participam da acareação protegidos por hábeas-corpus preventivos, concedidos pelo STF. Eles têm o direito de se calarem para não produzir provas contra si mesmos.

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A reunião da CPI, que começou pouco antes das 11h, está sendo realizada no Senado.