O laudo pericial que o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) prepara sobre as possíveis causas do acidente que matou sete pessoas na futura Estação Pinheiros do metrô podem levar de 5 a 6 meses para ficarem prontos. A informação foi dada pelo secretário estadual de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portela, numa entrevista à rádio CBN nesta sexta-feira. Enquanto esse material técnico não ficar pronto, o inquérito que apura o desabamento na obra vai andar a passos lentos, diz o promotor de Justiça José Carlos Blat.
Para o promotor, sem os elementos técnicos que apontam as causas do acidente, não adianta convocar os funcionários do Consórcio Via Amarela para prestar depoimento.
- O inquérito anda a passos lentos por falta de laudos periciais. Sem elementos técnicos, nem adianta chamar os funcionários do Consórcio para prestar depoimento - diz o promotor.
O Instituto de Criminalística (IC), que também deve produzir um documento deste tipo, promete ser mais rápido. O seu laudo deverá ficar pronto 40 dias após a entrada dos técnicos na cratera, ou seja, somente em março.
O secretário José Luiz Portela disse que num acidente semelhante ao do metrô no aeroporto inglês de Heathrow, o relatório final sobre as causas do acidente demorou dois anos.
- Eu também estou ansioso. Estou aqui para fazer o metrô andar. Mas é preciso esperar um laudo que tenha coerência técnica - disse na entrevista.
Até agora, a polícia civil ouviu 30 pessoas sobre o acidente (funcionários do metrô, do Consórcio e moradores). Um funcionário do Consórcio, responsável pelo segundo e terceiro escalões na obra da Estação Pinheiros, não compareceu a uma audiência nesta sexta-feira na 3ª Seccional da polícia, em Pinheiros. Ele estava no local no dia do acidente. O coordenador de fiscalização de obras do metrô, Cyro Mourão Filho, prestou depoimento na semana passada.
Segundo Dejair Rodrigues, delegado da 3ª Seccional, ainda devem ser convocados o ex-gerente de construção da linha 4, Marco Antônio Buoncompagno, e o presidente do metrô, Luiz Carlos David. Em uma audiência pública na Assembléia Legislativa na última quarta-feira, Cyro Mourão, admitiu que o metrô apenas auditava a fiscalização do Consórcio Via Amarela e que fazia a inspeção visual, por "olhômetro".
Já José Roberto Carlos Leite, chefe do canteiro de obras do metrô, afirmou aos deputados que a obra tinha até a data do acidente 197 "não conformidades", (documentos que indicam o que está fora do contrato acertado entre a Via Amarela e o metrô). De acordo com Leite Ribeiro, 30 relatórios ainda estão pendentes, mas nenhum diz respeito às obras da futura estação Pinheiros. Apesar disso, ele garantiu que o metrô nunca perdeu a prerrogativa de fiscalizar a linha 4 e que a estação Pinheiros era o cartão de visitas do metrô e, por isso, estudantes e técnicos de outras regiões faziam visitas ao canteiro de obras às sextas-feiras. Segundo Blat, representantes do conselho superior da linha amarela também serão ouvidos.
Nesta quinta-feira, o Consórcio Via Amarela e o metrô fecharam acordos com sete inquilinos que moravam em casas interditadas ou demolidas por ficarem perto do canteiro de obras. Um morador faltou à reunião que decidiria sobre as indenizações. O único dos casos já conversados e ainda não fechado é o de Daniela Amâncio, que morava numa casa longe da cratera. O Consórcio contestou o pagamento, segundo o defensor público Vitor Maximiano. O Consórcio Via Amarela argumentou que os técnicos da Defesa Civil e da Subprefeitura de Pinheiros não especificaram o motivo da interdição. Uma nova vistoria foi feita na residência e as negociações devem ser retomadas na semana que vem.
Novas audiências estão marcadas para a próxima terça-feira. O piso para a indenização por dano moral é de R$ 14 mil por morador do imóvel. Há ainda negociações para pagamento de indenização por danos materiais e lucros cessantes, para quem teve negócios prejudicados pela interdição. Os inquilinos moravam na Rua Eugênio de Moraes e na Rua Capri. Dos quatro inquilinos da Rua Capri, um foi condenado pela Defesa Civil e deverá ser demolido. Maximiano disse que o técnico de som Manoel Firmino Lima deverá receber do Consórcio indenização por lucro cessante, pois terá de reconstruir uma oficina que mantinha na casa. Os valores acordados não foram informados. A seguradora terá 30 dias para fazer o pagamento, contados a partir da assinatura do acordo.
O Consórcio Via Amarela pode fechar até sábado mais três acordos de indenização a familiares dos mortos no desmoronamento da Estação Pinheiros do metrô. Sete pessoas morreram, ocorrido em 12 de janeiro. O secretário de Justiça de São Paulo, Luiz Antonio Guimarães Marrey, afirmou que os parentes de vítima estão negociando diretamente com a seguradora Unibanco. Até agora foi fechado apenas um acordo, o da família da advogada Valéria Marmit, que deixou três filhos menores de idade. Neste caso, os parentes foram representados pela Defensoria Pública. Também foi indenizada a proprietária da van que foi tragada pela cratera, com motorista, cobrador e dois passageiros.
- Os valores estão dentro dos padrões pagos a título de indenização no país. A negociação de indenizações independe de o Consórcio Via Amarela assumir ou não a culpa pelo acidente - disse o Secretário de Justiça.
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