Laudos do Instituto Médico Legal (IML) Central da capital mostram que 84 pessoas foram mortas com tiros do pescoço para cima e 29 com disparos no antebraço ou na mão, durante o período de atentados do crime organizado no estado, entre os dias 12 e 20 de maio. O levantamento foi feito com base nos 132 rascunhos de laudos colhidos pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) no IML Central da capital, em Pinheiros (zona oeste).

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Os casos são tanto de policiais e civis assassinados durante a onda de ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC), como de suspeitos mortos em confronto com a polícia ou de vítimas de crimes comuns.

Os documentos se referem aos corpos que deram entrada no IML entre 0h de 12 de maio e 13h30m de 20 de maio - auge da onda de violência gerada pelo confronto com a polícia paulista - e são reveladores da crueldade das mortes do período. Alvejar uma pessoa na cabeça ou na mão indica uma possível execução.

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Nas 84 vítimas atingidas do pescoço para cima (63,6% do total), foram disparados 176 tiros, média superior a dois por corpo. Nas 29 pessoas alvejadas no antebraço ou na mão (21,9%), foram registrados 36 disparos.

Segundo o Cremesp, a amostra de 132 laudos do IML Central da capital se refere somente a mortes por arma de fogo, embora haja um caso de estrangulamento que foge à regra. Os documentos, entretanto, são parte significativa do universo de mortes na onda de violência no estado.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública informou ao enviar documentos ao Ministério Público Estadual na semana passada, foram registradas 187 vítimas da violência no período. Desse grupo, foram registrados pela pasta 123 suspeitos mortos em confronto com a polícia, 41 agentes públicos (policiais, agentes penitenciários e guardas civis) e 23 vítimas de rebeliões em cadeias.

Os laudos analisados, preenchidos por diferentes médicos legistas do IML, não são elaborados de maneira uniforme. Há alguns casos em que só foi feito o desenho da entrada e saída das balas, sem trazer mais informações sobre o estado do cadáver, o que dificulta a caracterização e contagem das lesões nas vítimas e também uma análise mais detalhada das circunstâncias da morte.

Segundo levantamento feito pela Defensoria Pública, 28 das 132 vítimas foram mortas em confronto com a polícia, em casos registrados como "resistência seguida de morte". Nesses casos, foram disparados 3,1 tiros por pessoa, a maioria deles de cima para baixo, o que também é um possível indicador de execução. Em um grupo de nove policiais assassinados, também analisado pela Defensoria, a média do número de tiros por cadáver sobe para sete. O Cremesp está levantando os laudos dos mortos na semana do terror nos outros 11 IMLs da Grande São Paulo.

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