Dentro da estratégia de negociar pessoalmente com os governadores e partidos aliados a formação de seu novo governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem agenda cheia nesta terça-feira. Após receber o governador reeleito do Paraná, Roberto Requião, o presidente conversou, no Palácio do Planalto, com o líder do PTB na Câmara, deputado José Múcio Monteiro (PE). Lula teria dito a ele que precisa do apoio do partido e dos votos do PTB para aprovar projetos importantes no Legislativo.

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José Múcio disse que seu partido será "parceiro na governabilidade", apesar de o presidente do PTB, o deputado cassado Roberto Jefferson, ter posição contrária. Jefferson foi o autor das denúncias sobre a existência do mensalão.

- O presidente do meu partido é uma posição política, mas respeita a posição da bancada. Pelo menos 95% dos deputados eleitos colaboraram com ele (o presidente Lula). Meu acordo com o presidente Jefferson é de não pleitear (cargos), mas o ministro Walfrido dos Mares Guia (Turismo) é um grande ministro. O presidente Lula não o vê como um ministro do PTB, e sim como grande ministro - disse José Múcio.

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Segundo o líder do PTB, Lula disse ainda que pretende fazer reuniões mensais com os líderes dos partidos. No primeiro mandato, Lula delegou essa tarefa de interlocução com o Congresso para ministros, como o ex-ministro José Dirceu, que deixou o governo depois que o presidente do PTB, Roberto Jefferson, denunciou a existência do "mensalão".

- O nosso espírito é de cooperação. O presidente disse que quer reuniões mensais com os líderes partidários. É uma forma de diminuir a distância entre Executivo e Congresso - disse José Múcio, para quem essa atitude de Lula é um reconhecimento dele de que é preciso melhorar essa relação.

Já Requião saiu do Palácio do Planalto pouco depois das 11h sem falar com a imprensa. Parte do PMDB esteve com Lula desde o início do primeiro mandato, mas o governador só declarou sua parceria com o presidente na reta final do segundo turno.

A expectativa é que Lula anuncie seu novo Ministério antes do Natal. Ele deve também receber o senador José Maranhão (PMDB), que foi derrotado na disputa do governo da Paraíba, mas ainda tem influência sobre a ala nordestina do partido.

O PP, que em breve deve ser chamado para uma conversa com Lula, já reivindica mais espaço no governo. O líder do partido na Câmara, Mário Negromonte (BA), diz que irá "gritar" por cargos:

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- O próprio presidente já disse que vai rever (o Ministério) e que vai fazer uma coisa justa. É lógico que ele não vai querer nenhum partido da base insatisfeito. Todo mundo vai gritar, nós iremos gritar - avisou Negromonte.Prioridade para infra-estrutura

No fim da tarde desta terça, Lula conversa com o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau. O presidente decidiu dar prioridade às pendências dos projetos de infra-estrutura. Ele quer levantar as pendências ambientais e jurídicas que emperram obras de infra-estrutura programadas ou em andamento no país. Lula vai retomar as viagens de inspeção de obras pelo país.

Mais de vinte grandes projetos foram paralisados ou estão em ritmo lento por esta razão, entre eles as usinas hidrelétricas Belo Monte, Rio Madeira e Estreito, além da pavimentação da BR-163 (Cuiabá-Santarém).

A agenda do presidente, que chegou ao Planalto pouco depois das 9h, prevê ainda, às 15h, participação na cerimônia de apresentação de credenciais de novos embaixadores. Logo em seguida, recebe o comandante da Aeronáutica, Luiz Carlos da Silva Bueno, com quem deve tratar da crise no sistema de controle de vôos, e até mesmo de um possível afastamento do comandante, que entrou em atrito com o ministro da Defesa, Waldir Pires, em meio à operação-padrão dos controladores de vôo.

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