O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (15), em discurso a trabalhadores no município pernambucano de Sertânia, que seu governo está "combatendo a indústria da seca" com a obra de transposição do Rio São Francisco.
Lula disse que os nordestinos não querem mais viver das frentes de trabalho, que são organizadas durante a seca, e nas quais o trabalhador fica "quebrando pedra ou escavando" sem uma finalidade específica a não ser a de receber um pagamento (geralmente meio salário mínimo).
Ele ainda reclamou da oposição que o bispo de Barra (BA), Luiz Flávio Cappio, fez ao projeto de transposição: "Teve até um bispo que fez greve de fome para a gente não fazer essa obra.
O presidente se queixou das críticas das Organizações Não-Governamentais (ONGs), mas não citou nomes. Disse que as pessoas "criticam, mas não têm conhecimento" da situação vivida pelos nordestinos na escassez de água.
Constrangimento
O encontro de Lula com os trabalhadores começou com cerca de uma hora de atraso. Antes, o secretário-executivo do Ministério da Integração, João Santana, havia prolongado além do previsto sua apresentação do projeto de transposição, em reunião com Lula, com os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e com o deputado Ciro Gomes e oficiais do Exército.
Um assessor de Presidência, ao perceber que a apresentação de Santana atrasaria o encontro de Lula com os trabalhadores, chamou a atenção do secretário-executivo, mas este respondeu: "Não estou preocupado com ninguém. Quem manda aqui é o presidente Lula, e o resto que se exploda".
Depois, Santana pediu desculpas, mas apenas à ministra Dilma, dizendo que ela também "mandava na obra". "Na Bahia, nós temos respeito pelas mulheres", afirmou. E continuou a explanação, em clima de visível constrangimento do presidente e da ministra.
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