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O comando político do PMDB está elaborando o texto de um programa que vai sustentar o governo de coalizão com o PT e outros aliados, informou nesta sexta-feira à agência Reuters uma fonte da direção do partido. A elaboração do programa foi acertada com Lula pelo deputado Jader Barbalho (PMDB-PA) na quarta-feira. O programa comum poderá fundamentar ainda uma aliança eleitoral para 2010.

A proposta do PMDB dará destaque ao que vem sendo chamado de desenvolvimentismo: redução gradual dos juros reais, aumento da taxa de investimento, desoneração de produtos de consumo popular, facilidades legais e fiscais para pequenas empresas e contratação de empregados domésticos, entre outros pontos.

- O documento dará base a uma coalizão de gabinete, que permitirá ao PMDB participar da elaboração de políticas em todas as áreas, e não apenas ter cargos no Ministério - informou o dirigente partidário.

O termo "coalizão de gabinete'', de viés parlamentarista, foi criado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que defende o funcionamento de um conselho político, no qual aliados iriam discutir decisões estratégicas com Lula e o PT.

- O regime é presidencialista, mas a sustentação parlamentar do governo depende de uma relação muito sólida, programática, com partidos aliados - disse o dirigente, que falou à Reuters na condição de não ser identificado.

O deputado Jader Barbalho teve três encontros com o presidente e ministros da coordenação de governo, segundo o dirigente. Apenas uma audiência com Lula, na quarta-feira, constou da agenda oficial do Planalto.

Jader fez um relato das conversas com Lula aos seus aliados no comando partidário (além de Renan, o ex-presidente José Sarney e o ex-ministro Eunício Oliveira, entre outros) e viajou para o Pará, onde prepara o documento.

A relação formal, por meio de coalizão ou de uma frente partidária com o PMDB, vem sendo defendida por auxiliares muito próximos de Lula, como o ministro Luiz Dulci, da Secretaria-Geral, e o presidente do PT, Marco Aurélio Garcia.

Em entrevista à TV Globonews, quarta-feira, Dulci defendeu uma ``coalizão programática'' e afirmou que, se este for o projeto do PMDB, o partido poderá estar junto com o PT na sucessão presidencial de 2010.Disputa interna

A proposta de coalizão do PMDB deve se tornar pública até o fim de novembro, podendo precipitar a definição sobre o comando oficial do partido. O presidente do PMDB, Michel Temer (SP), tem mandato até março.

Renan Calheiros tem defendido uma solução de entendimento com Michel, mas Jader e Sarney avaliam que o presidente do PMDB foi "longe demais'', envolvendo-se na campanha do tucano Geraldo Alckmin no segundo turno.

A substituição de Temer é vista por eles como necessária para transformar em ``realidade institucional'' o que consideram uma decisão política da maioria do partido. Isso daria mais autoridade ao PMDB para negociar com Lula e o PT, argumentam, especialmente porque o partido tem imagem de ser muito dividido.

O PMDB tem hoje os ministérios das Comunicações, Minas e Energia e da Saúde, que pretende preservar no segundo governo. O partido também conquistou a liderança do governo no Senado, cargo estratégico, que passou do petista Aloizio Mercadante para o ex-ministro Romero Jucá (PMDB-RR).

Jader é réu no Supremo

O deputado Jader Barbalho ganha espaço no cenário político nacional, mas continua às volta com a Justiça. O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) transformou nesta sexta-feira em processo o inquérito em que o deputado é investigado por peculato . Com a decisão, Jader passa a ser tratado como réu. Por unanimidade, os ministros entenderam que a Corte deveria aceitar a denúncia de que ele teria cometido irregularidades no pagamento de indenização pela desapropriação do imóvel rural Vila Amazônia, no Pará. Na época, Jader era ministro do Desenvolvimento Agrário do governo Sarney. Segundo o relator, ministro Marco Aurélio Mello, há indícios de crime de peculato porque Jader homologou o acordo para o pagamento da indenização por meio de uma portaria ministerial.

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