Um dos principais personagens da desistência em massa dos candidatos a vereador do PRTB à eleição de 2008, Manassés de Oliveira afirma que não houve acordo financeiro para que os membros do partido desistissem da candidatura. Segundo Manassés, o dinheiro que ele recebeu de Alexandre Gardolinski no Comitê Lealdade seria destinado à realização de eventos de campanha de candidatos do PSDB. Manassés, no entanto, disse não saber de onde viria esse dinheiro e se foi declarado nas contas do PSDB.
"Esse dinheiro, o Alexandre Gardolinski passou para nós que ele tinha autorização para cada ex-candidato gastar até R$ 800. Não sei quem autorizou. Não sei de onde vinha o dinheiro nem se foi declarado. O Gardolinski é que vai ter que explicar a origem do dinheiro."
Manassés nega que tenha sido feita a promessa de cargos na prefeitura em troca da desistência da candidatura. "Não houve acordo. Isso (o fato de nove dissidentes do PRTB que apoiaram a candidatura de Richa estarem hoje na prefeitura) é coincidênci a."
Tudo ok
No vídeo obtido pela reportagem, Gardolinski, em determinado momento do pagamento, se dirige a Manassés e a Raul Santos, outro dos que aparecem nas imagens, e afirma: "Então, meninos, a parte do pagamento de todo o esquema de vocês está ok".
Manassés, na gravação, assina recibos de R$ 800 e recebe a quantia por quatro pessoas: Nelson Brero, Alexandre Lorga, Tatiane Rodrigues e Edenilson Soares. Após assinar os recibos, ele afirma: "A gente vai apreendedo como se faz as coisas (sic)".
Em entrevista à reportagem, Manassés afirmou lembrar de receber o dinheiro para apenas as três primeiras pessoas citadas e garantiu ter repassado R$ 800 para Brero e Tatiane.
"Só não repassei para o Lorga porque a gente tem uma amizade íntima e toda a terça-feira a gente fazia um churrasco. O dinheiro ficou por conta disso. Eu tinha autorização dele para fazer isso", garante.
Prefeito
Procurado pela reportagem da Gazeta do Povo para falar sobre a gravação, o prefeito Beto Richa preferiu não dar entrevista e apenas divulgou nota por meio da assessoria da prefeitura. "Ao tomar conhecimento das imagens determinei imediatamente o afastamento dos envolvidos. Esse tipo de atitude não tem nada a ver com o nosso jeito democrático e transparente de fazer política. Não vamos permitir que esse fato, que aconteceu num comitê independente que apoiava nossa candidatura à reeleição, seja explorado contra nossa administração, aprovada pela grande maioria dos cidadãos curitibanos", diz a nota.
A Gazeta do Povo tentou, também, entrar em contato com o presidente do Comitê Financeiro de Beto Richa na eleição de 2008, Fernando Ghignone, mas não obteve retorno. O tesoureiro do comitê, Bergson Bacchi, foi localizado, e afirmou que daria uma entrevista pessoalmente na redação da Gazeta do Povo na sexta-feira à noite, mas não compareceu e nem foi localizado por telefone.
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