Cerca de 80 mil pessoas, conforme estimativa da Polícia Militar (PM), participaram de um ato contra a presidente Dilma Rousseff (PT) em Curitiba na tarde de domingo (15). A aglomeração, quarta maior do país, começou por volta das 14 horas, na Praça Santos Andrade, centro da capital. Depois, o grupo seguiu pela Avenida Marechal Deodoro até a Boca Maldita, onde permaneceu até o início da noite. Parte dos manifestantes, porém, não conseguiu chegar à rua XV de Novembro e manteve agrupamentos nas ruas do entorno.
As palavras de ordem que mais se repetiam entre os manifestantes faziam alusão ao pedido de impeachment da presidente. Gritos de “Fora, PT!” e “Fora, Dilma!” marcaram o protesto, enquanto as ruas centrais de Curitiba foram coloridas pelo verde e amarelo das roupas usadas por quase todos os manifestantes, que também carregavam bandeiras do Brasil, vuvuzelas, cornetas e cartazes. Conforme a PM, não foram registrados atos de vandalismo ou confusões durante o protesto.
Além dos pedidos pelo impeachment de Dilma, outras demandas estavam na ponta da língua daqueles que foram às ruas: redução da carga tributária, reforma política, investigação rigorosa das denúncias de corrupção e menos assistencialismo estatal. A insatisfação também recaiu sobre os poderes Legislativo e Judiciário devido aos parlamentares investigados na operação Lava Jato e outros episódios que repercutiram negativamente, como reajustes salariais.
Centro tomado
Mesmo os que protestavam se mostravam surpresos com a quantidade de pessoas no local. A manifestação superou a mobilização do movimento Diretas Já, em 1984, na capital.
Um dos carros de som era comandado pelo movimento Federalista, cujos partidários afirmavam que Dilma deveria renunciar em resposta à insatisfação popular. “Queremos que ela jogue a toalha”, disse Hamilton Marques. O movimento “Acorda Brasil”, organizado por empresários e profissionais liberais, também esteve presente. Eles pedem o impeachment de Dilma. “Há base legal para isso. Se você sabe que roubam dinheiro público e não impede, você é parte”, afirmou Percy Russ Tiemann, um dos líderes do movimento. Outro carro de som era comandado por um movimento estudantil. Francisco Stryk, um dos organizadores do grupo, disse que a intenção era aproximar os jovens da política. Todos os organizadores se declararam apartidários.
O impeachment de Dilma, no entanto, não era unanimidade. Muitos manifestantes se declararam favoráveis a uma reforma política, mas disseram ter dúvidas sobre a cassação do mandato da presidente. O profissional de informática Adriano Langera era um deles. “Todo protesto é válido, mas não é válido passar por cima de meios democráticos, como a eleição”, declarou, enquanto colava cartazes pela XV de Novembro com os dizeres: “Voto na Dilma também no terceiro turno!”
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