A votação da cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no plenário da Câmara ficará só para agosto, após o chamado recesso branco dos parlamentares, previsto para a segunda quinzena de julho.
A decisão foi comunicada a deputados pelo presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), a quem cabe marcar as sessões deliberativas.
Segundo esses parlamentares, o interino avalia que a votação do processo no meio do recesso branco [não são férias oficiais, mas os parlamentares tendem a não ir a Brasília] pode ser arriscado, já que uma sessão esvaziada livraria Cunha.
Para ter o mandato cassado, são necessários os votos de, pelo menos, 257 dos 513 deputados.
Maranhão, porém, já recuou várias vezes de decisões que havia tomado. A base do presidente interino, Michel Temer (PMDB), irá pressionar o deputado do PP a adiar o recesso branco para setembro sob o argumento de que o país precisa votar temas importantes para o país.
Se essa tese prevalecer, o caso de Cunha pode ir ao plenário na segunda quinzena deste mês.
Rito
O plenário é a última instância do processo contra Cunha. Neste momento, ele ainda está na penúltima fase, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que analisa um recurso em que Cunha pede a anulação do processo por supostos vícios.
Nesta terça-feira (5), o relator, Ronaldo Fonseca (Pros-DF), que é aliado de Cunha, vai entregar seu parecer sobre o recurso. Dos 16 pontos questionados pelo peemedebista, ele deve acatar pelo menos três.
O de suspeição do relator no Conselho de Ética, Marcos Rogério (DEM-RR), por ter ingressado em uma legenda que apoiou a eleição de Cunha para o comando da Câmara, o método usado para votação no colegiado e a não notificação do peemedebista para todas as reuniões.
Adversários de Cunha já preparam os chamados votos em separados a esse relatório. Um deles será apresentado justamente por Rogério.
“Eu, como conhecedor do processo e do recurso, não posso deixar de me manifestar, até para que os demais deputados tenham argumentos para se posicionarem”, disse Rogério.
A votação na CCJ está marcada para a próxima terça-feira (12), mas pode ser protelada por ação da tropa de choque de Cunha. A tendência é a de que o colegiado rejeite o recurso do peemedebista, apesar do relatório favorável a ele.
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