Condenado no escândalo do mensalão, o publicitário Marcos Valério deve ser denunciado por lavagem de dinheiro na mais nova fase da Lava Jato. Um depoimento prestado pelo publicitário à Procuradoria-Geral da República (PGR) em 2012, numa tentativa de fazer delação premiada, foi utilizado pelos procuradores para embasar a operação desta sexta-feira (1.º). Segundo procuradores, porém, Valério não tem credibilidade total.
Investigadores da Lava Jato dizem que o publicitário mentiu na tentativa de acordo com a PGR, já que não contou que teria utilizado sua empresa, a 2S Participações, para intermediar empréstimo de R$ 6 milhões ao empresário Ronan Maria Pinto, preso preventivamente nesta sexta-feira. E é justamente essa movimentação financeira que, se comprovada, poderá levar o MPF a denunciar o publicitário. As contas bancárias da 2S também foram utilizadas para operacionalizar pagamentos durante o escândalo do mensalão.
Depoimento
No seu depoimento, Valério contou à PGR que o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira, também preso preventivamente nesta sexta-feira, o havia procurado em 2004 pedindo ajuda porque o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho estavam sendo chantageados por Ronan. Ainda segundo o publicitário, o empresário do ABC teria pedido R$ 6 milhões em uma reunião com Pereira e Valério para comprar um jornal e que o valor havia sido obtido por Bumlai junto ao Banco Schahim.
Valério não foi ouvido pela força-tarefa da Lava Jato, segundo o MPF. Caso os procuradores queiram usar os fatos narrados por ele para denunciar alguém, terão que marcar um novo depoimento. Na avaliação de Diogo Castor e Paulo Galvão, outros depoimentos já confirmam as informações prestadas por Marcos Valério. “Não sabemos ainda se iremos ouvi-lo de novo. O depoimento do Marcos Valério é público e ele nos ajuda a ter uma ideia das circunstâncias em que o empréstimo foi feito. Mas para uma eventual denúncia, não precisamos saber necessariamente qual foi a circunstância, desde que consigamos comprovar que a operação foi ilegal”, disse o procurador Galvão.
Já Castor diz que os depoimentos do pecuarista José Carlos Bumlai, do ex-presidente do Banco Schain, Sandro Tordin, e do sócio do banco, Salim Schain, confirmam que parte do empréstimo de R$ 12 milhões contraído por Bumlai no banco foi utilizado para pagar Ronan em nome de uma dívida do PT.