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Cerca de 18 horas depois do crime, sete policiais do 9º BPM (Olaria) prenderam as duas pessoas que teriam roubado o Corsa de Rosa Cristina Fernandes e causado a morte de seu filho de apenas seis anos, João Hélio Fernandes Vieites . João foi arrastado por mais de sete quilômetros, na noite desta quarta-feira, depois que o carro em que ele estava foi roubado em Oswaldo Cruz. Diego Nascimento da Silva, de 18 anos, e um menor, de 16 anos, foram encontrados na favela São José da Pedra, em Madureira. Eles responderão por latrocínio (roubo seguido de morte). A pena para Diego varia entre 20 e 30 anos. O menor, no entanto, só poderá ficar detido por no máximo três anos, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o que reforça a sensação de impunidade nas pessoas que ficaram horrorizadas com o crime.

— Isto é uma desumanidade. Mesmo assim, o menor logo voltará para a liberdade — disse Marcos Antônio Castro, que foi à delegacia de Marechal Hermes acompanhar de perto o desfecho do caso.

Menino estava no carro com mãe e irmã mais velha

O crime ocorreu durante um assalto. A mãe, uma amiga e a irmã de 13 anos de João conseguiram escapar, mas o garoto ficou preso ao cinto quando os assaltantes arrancaram com o carro. O corpo foi necropsiado no Instituto Médico-Legal (IML) e foi sepultado esta tarde no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. O velório foi realizado a portas fechadas, e somente parentes e amigos da família participam da cerimônia. O caso está sendo investigado pela 30ª DP, de Marechal Hermes.

O delegado titular Hércules Pires do Nascimento afirmou que os bandidos sabiam que o menino estava preso ao carro e tentaram se livrar dele fazendo movimentos em ziguezague com o veículo. O policial disse ainda que os bandidos possivelmente estavam drogados.

- Os elementos sabiam que o garoto estava preso. Segundo uma testemunha que o perseguiu eles andavam em ziguezague tentando se livrar do corpo. Eles arrastaram o corpo por sete quilômetros com a criança batendo na roda traseira e no chão, quicando. Eles viram o corpo e foram muito frios. A gente vê isso pela forma como foi deixado o carro. Ele foi estacionado num canto da rua. Então, eles sabiam o que estavam fazendo - afirmou.

Nesta quinta, o governador Sérgio Cabral disse estar chocado com a morte do menino. Segundo a rádio CBN, Cabral se solidarizou com a família que, nas suas palavras, "perdeu barbaramente a criança". O governador disse ainda que tem trabalhado para aumentar o policiamento, mas não deu um prazo para que isso aconteça.

Bandidos arrancam em velocidade

O assalto aconteceu na Avenida João Vicente, em Oswaldo Cruz. A mãe do menino João Hélio Fernandes foi rendida ao volante do Corsa Sedan, placa KUN 6481. Ela estava com uma amiga e uma adolescente de 13 anos, que conseguiram sair do carro. Presa ao cinto de segurança, a criança não conseguiu sair. Os bandidos arrancaram com o veículo em alta velocidade, com o menino pendurado. Motoristas e um motoqueiro que passavam no momento sinalizaram com os faróis. Os ladrões ignoraram e continuaram a fuga arrastando o corpo pelo asfalto.

A falta de policiais do 9º BPM (Rocha Miranda) nas ruas facilitou a fuga. Os bandidos andaram sete quilômetros, passando pelos bairros de Oswaldo Cruz, Madureira, Campinho e Cascadura. Eles passaram em frente a um quartel do Corpo de Bombeiros, ao Fórum de Madureira e a um quartel do Exército. Os criminosos passaram em frente a dois bares, um na esquina das ruas Cândido Bastos e Silva Gomes e outro na Rua Barbosa com Florentina. As pessoas que ali estavam apavoraram-se com a cena e começaram a gritar.

Um advogado disse que a princípio pensou que fosse um boneco, mas viu o sangue na lataria do carro. Ele e dois amigos seguiram o carro. Ao passarem pelos quebra-molas, o carro saltava e o corpo batia no chão.

- O barulho parecia ser de um papelão sendo arrastado - afirmou.

Demonstrando serem conhecedores da área, os assaltantes abandonaram o carro no final da Rua Caiari, próximo à escadaria que dá acesso à Praça Três Lagoas. Certos de que não seriam presos, estacionaram e trancaram o carro antes da fuga. Segundo testemunhas, os bandidos desceram as escadas calmamente. O advogado disse que, ao se aproximar do carro, teve certeza que era o corpo de uma criança. Pelo celular avisou à polícia. Pouco depois, a rua foi tomada por policiais.

Durante todo o trajeto, os bandidos foram seguidos por um motoqueiro que viu o roubo. Ele levou os policiais até a Rua Cerqueira Daltro, próximo a um supermercado. Ali estava parte da cabeça da vítima e massa encefálica, que foi recolhida e colocada num saco plástico.

O comandante-geral da PM, coronel Ubiratan Ângelo, confirmou, em entrevista à Rádio CBN, que não havia policiais no local do assalto. Ele reconheceu a necessidade de reforço do policiamento. Ubiratan classificou o crime como trágico e contou que o agente que foi ao local começou a chorar e não conseguiu passar a ocorrência.

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