O Ministério Público do DF denunciou à Justiça oito pessoas, entre elas o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e os ex-diretores da Delta Cláudio Abreu e Heraldo Puccini por corrupção, tráfico de influência e fraude em processo para contratar o serviço de bilhetagem eletrônica de ônibus no DF.
Conforme a peça de acusação, Cachoeira e os dois ex-diretores comandaram operação para direcionar o contrato, que renderia R$ 60 milhões por mês à Delta. Coube a Abreu pagar Valdir dos Reis, lobista encarregado de azeitar o negócio na Secretaria de Transportes. Sob a orientação de Puccini, a quadrilha fez o projeto básico e edital para a licitação.
Ex-assessor da Secretaria de Planejamento do DF, Reis foi cooptado para cuidar dos interesses de Cachoeira no governo Agnelo Queiroz (PT). Mesmo exonerado em dezembro de 2010, em 2011 circulava no Palácio do Buriti. Numa das escutas, Cachoeira ordena que Geovani Pereira da Silva, apontado como seu contador, pague R$ 50 mil a Reis.
Onze dias depois, Reis reuniu-se com o secretário de Transportes do DF, José Walter Vasquez, e com "membros da organização criminosa" - Puccini, Valdir, Gleyb Ferreira da Cruz e o vereador de Anápolis (GO) Wesley Clayton da Silva, aliados de Cachoeira, fora Alex Son Chung e San Wook Park, representantes da empresa coreana EB Card, que forneceria tecnologia para a bilhetagem.
A partir daí, a quadrilha começou a elaborar o projeto básico e o edital de licitação, direcionados à Delta. No início de agosto de 2011, os papéis foram entregues na empreiteira a Puccini.
Entregues os documentos, Reis, então, recebeu mais três parcelas de R$ 10 mil da quadrilha de Cachoeira. O projeto básico foi apreendido no computador do lobista durante a Operação Saint-Michel, deflagrada pelo MP em abril. Abreu foi preso durante a Saint-Michel e Puccini está foragido. Também foram denunciados Gleyb, Geovani, Wesley e Dagmar Alves Duarte, apontado como elo entre Reis e o esquema de Cachoeira.
A denúncia cita suposta negociação, revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo, entre a quadrilha e o servidor do DFTrans (empresa que gerencia o transporte no DF) Milton Martins Júnior, afastado do cargo. Segundo a denúncia, Gleyb jantou com Martins e, ao prestar contas a Cachoeira, informou que "Milton topou o negócio, mas que seria necessário acertar o porcentual e outros detalhes". O servidor nega ter pedido propina.
Outro lado
Procurada, a Delta não se pronunciou. O porta-voz do Governo do DF, Ugo Braga, informou que o serviço de bilhetagem nem sequer chegou a ser licitado. José Walter Vasquez explicou que, de fato se reuniu com representantes da Delta e da empresa coreana, a pedido de Reis, como fez também com outros representantes de empresas interessadas em apresentar tecnologia. Já o secretário disse que "nunca houve contrato. O que houve foi um esperto querendo enrolar o outro. Infelizmente, esse esperto me conhecia", alegou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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