• Carregando...
Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) fica em Araucária, na região metropolitana de Curitiba | Albari Rosa/Agência de Notícias Gazeta do Povo
Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) fica em Araucária, na região metropolitana de Curitiba| Foto: Albari Rosa/Agência de Notícias Gazeta do Povo

Empresas negam ilegalidades e sobrepreço

A Petrobras e as empresas citadas nas investigações do Ministério Público Federal sobre a conexão entre suspeitas de desvios na Refinaria Abreu e Lima, de Pernambuco, e na Refinaria Presidente Getúlio Vargas, no Paraná, negam ilegalidades e questionam os laudos que apontam superfaturamento nas obras das duas unidades.

A estatal informou, em nota, que o sobrepreço apontado pela Polícia Federal e pelo Tribunal de Contas da União decorre de "divergências metodológicas de precificação de serviços". A estatal afirmou esperar que elas sejam "superadas no curso do processo" no TCU. O advogado Nélio Machado, que defende o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, não respondeu aos pedidos de entrevista feitos por telefone e por e-mail, assim como os defensores do doleiro Alberto Youssef.

O Consórcio Conpar, das construtoras Odebrecht, OAS e UTC Engenharia, informou ter prestado ao TCU "todas as informações e esclarecimentos quanto à regularidade dos preços praticados no âmbito do contrato, estando as elucidações em fase de análise pelo tribunal". O consórcio disse que sua contratação se deu por meio de processo licitatório, "nos estritos termos da legislação em vigor", e negou ter tratado de doações de campanha com o ex-diretor da Petrobrás. A Mendes Júnior, em nota, também disse não ter discutido doações eleitorais ou ter tratado dos contratos da refinaria do Paraná com Costa.

O Grupo Sanko afirmou, em nota, repudiar "veementemente as ilações que vêm sendo feitas" e reafirmou a total "transparência legalidade e legitimidade de seus negócios". Segundo o grupo, todos os contratos das suas empresas são estritamente comerciais. "Os serviços foram contratados, pagos contra a emissão de notas fiscais, que foram todas devidamente contabilizadas, tributadas e pagas, via sistema bancário, de acordo com a legislação vigente", diz a nota. A Sanko informou ter prestado informações às autoridades "tão logo se iniciaram as investigações". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Agência Estado

Petrobras cancela contrato com empresa suspeita

A Petrobras rescindiu contrato de R$ 443,8 milhões com a Ecoglobal Ambiental e a Ecoglobal Overseas, após a Polícia Federal levantar a suspeita de ligação com o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, ambos presos pela Polícia Federal

Leia matéria completa

O Ministério Público Federal (MPF) suspeita que as obras da Petrobras na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, no Paraná, tenham sido alvo do mesmo esquema investigado na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Relatório de procuradores que atuam no Estado diz que recursos de contratos superfaturados na unidade de refino paranaense podem ter abastecido empresas ligadas ao ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e ao doleiro Alberto Youssef.

Conforme o documento, concluído em maio, há "conexão entre os desvios" na refinaria pernambucana, um dos focos da Operação Lava Jato, e supostas irregularidades em contratos para modernizar a Repar. A Petrobras contratou para as obras no Paraná cinco consórcios de empreiteiras por R$ 7,5 bilhões. Laudo da Polícia Federal, feito em abril, diz que as planilhas dos contratos têm sobrepreço de R$ 1,4 bilhão.

Os procuradores sustentam que parte do dinheiro pago às construtoras na Repar pode ter sido repassado a empresas suspeitas de integrar o esquema, como teria ocorrido em Abreu e Lima. Além disso, uma planilha apreendida na Operação Lava Jato sugere que o ex-diretor da Petrobras negociou doações eleitorais com empreiteiras, entre elas três contratadas para as obras no Paraná (UTC/Constran, Mendes Júnior e Toyo Setal).

Ao quebrar o sigilo da MO Consultoria, empresa de fachada que pertenceria a Youssef, os investigadores encontraram depósito de R$ 617 mil feito pela construtora OAS. A empresa, a Odebrecht e a UTC integram o Consórcio Conpar, que tem um dos contratos na Repar. Segundo a PF, nessa fatia das obras o superfaturamento seria de cerca de R$ 132 milhões. O relatório do Ministério Público Federal aponta ainda um repasse de R$ 3,6 milhões "da Repar à Sanko-Sider", empresa citada na Lava Jato como peça do esquema de desvios da Petrobras para a MO Consultoria. A informação consta de uma planilha apreendida pela PF.

Histórico

Segundo denúncia aceita pela Justiça, na construção da Refinaria Abreu e Lima a Petrobras pagava por serviços superfaturados ao Consórcio Nacional Camargo Corrêa, que mantinha contratos para a compra de material como a Sanko. "Dali para frente, o dinheiro ilícito do peculato e da corrupção foi pulverizado mediante diversas operações de lavagem de capitais", sustenta relatório do Ministério Público.

O documento foi enviado ao juiz Sérgio Moro, da Lava Jato. Em decisão de 12 de maio, ele reconhece a conexão entre o caso de Pernambuco e o caso do Paraná. "Se valores pagos nas obras da Repar foram destinados às empresas de Youssef, haveria conexão entre crimes antecedentes e de lavagem", escreveu o magistrado. A suspeita de superfaturamento na Repar é investigada pela Polícia Federal e pelo Tribunal de Contas da União. Em 2011, o deputado Fernando Francischini (SDD-PR), então filiado ao PSDB, pediu que a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara estudasse os contratos em questão. Em maio de 2012, a proposta foi rejeitada pela base governista.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]