O Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito para investigar as responsabilidades da Fundação de Educação e Cultura (Funec), de Santa Fé do Sul (623 km de São Paulo), nos trotes violentos que deixaram quatro calouros feridos na semana passada. Os estudantes tiveram os corpos queimados com produtos químicos despejados supostamente pela estudante de pedagogia Layanne Cristina da Silva, que depois do trote não apareceu mais na faculdade. Entre os feridos está a estudante Priscila Vieira Muniz, de 18 anos, grávida de três meses, que sofreu queimaduras de segundo grau em várias partes do corpo.
Nesta segunda-feira (16), o procurador da República Thiago Lacerda Nobre enviou ofícios à fundação e à Polícia Civil pedindo informações sobre os trotes violentos e os procedimentos criminais adotados no caso. Segundo o procurador, a universidade pode ter culpa por não ter impedido a realização do trote violento dentro e fora de suas dependências. "Temos indícios robustos de que a faculdade cometeu omissão, uma vez que o trote, segundo informações da imprensa, foi feito dentro de suas instalações", disse Nobre.
De acordo com o procurador, o objetivo é saber se a faculdade ofereceu segurança para os novos alunos ou se prestou alguma assistência às vítimas. O procurador também quer informações sobre quais os procedimentos criminais adotados pela polícia. As agressões estão sendo apuradas em inquérito policial de lesões corporais dolosas, aberto na Delegacia da Mulher de Santa Fé.
A faculdade e polícia têm cinco dias para responder aos questionamentos que poderão instruir, no futuro, um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) ou mesmo uma Ação Civil Pública. A presidente da Funec, Anésia Sodré Coelho, disse que vai comentar amanhã a decisão do MPF. "Estou em São Paulo e por isso não tive acesso aos documentos da procuradoria", disse Anésia, por telefone. O delegado Gervásio Favaro, responsável pelo caso, não pôde atender a reportagem porque estaria ouvindo testemunhas que presenciaram as agressões.
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