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A discussão sobre uma reforma política ampla está longe de ser uma novidade no cenário político brasileiro. Desde o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) há tentativas de mudar o formato do sistema eleitoral do país. Mas o resultado final normalmente tende ao fracasso. Ainda assim, várias mudanças foram aprovadas paralelamente à discussão de uma reforma política mais ampla – como a reeleição, que passou a valer em 1998, e a Lei da Ficha Limpa, que valerá a partir de 2012.

Para o cientista político Leo­­nardo Avritzer, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a discussão atual repete o padrão de outras propostas de reforma política. "A discussão sempre começa da mesma maneira e acaba seguindo o mesmo rumo. Ela acaba sendo sobre o que seria o sistema ideal para o Brasil, e não o que pode ser feito no momento", diz ele. Avritzer afirma que considera mais urgentes assuntos como a cláusula de barreira, o financiamento público de campanha e a suplência para o Senado.

Já o cientista político Adriano Codato, da UFPR, acredita que a falta de avanços ocorre porque não se define quais são as prioridades da discussão, quais são os problemas que devem ser enfrentados e quais seriam os resultados práticos das medidas. "Ninguém sabe quais são os aspectos mais relevantes, ou a ordem que será a discussão. Logo, a reforma anda de lado", comenta.

Segundo Codato, há alguns lugares comuns que, às vezes, dão uma impressão enganosa da política brasileira. "Nos últimos 20 anos, o Brasil demonstra estabilidade política e boas condições de governabilidade. Dizer que 'o sistema político brasileiro não funciona' é fazer uma afirmação ou tola, ou mal intencionada."

Um antídoto para essa contradição, para o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB), seria a atuação dos partidos. "Para que questões polêmicas fossem aprovadas, seria necessário que os grandes partidos fechassem suas posições nestes pontos", comenta. Mas, mesmo que houvesse uma posição partidária clara, nada garantiria uma coesão nos votos. Fleischer relembra que, em outras discussões de reforma do sistema político e eleitoral, os principais partidos do Brasil votaram rachados.

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