Acusações de Requião contra o irmão de Beto Richa foram um dos motivos do rompimento
Fernanda Leitóles, com informações de Ana Carolina Olinda
Um dos motivos que levaram a bancada do PSDB a romper com o governador foram as acusações feitas por Requião ao irmão do prefeito Beto Richa José Richa Filho quando este era diretor-administrativo do Departamento de Estradas de Rodagem (DER).
A denúncia do governador diz respeito a um fato de 2002. Naquela oportunidade Richa Filho teria liberado o pagamento de R$ 10,7 milhões à DM Construtora por causa de uma ação movida pela empresa contra o estado.
O valor cobrado seria referente a uma obra iniciada em 1987 e que foi paralisada por dois anos. Por esse motivo, a DM cobrava na Justiça os prejuízos que teve com a paralisação da obra.
Mas, o juiz da ação movida pela DM não teria homologado o pagamento liberado por Richa Filho. Sendo assim, o governador afirmou que o acordo foi inválido e que o pagamento foi indevido. Requião também acusou Richa Filho de ter liberado o recurso à DM sem a anuência do Ministério Público e da Procuradoria Geral do Estado.
Desde 2007 o Ministério Público investiga o caso e o estado do Paraná também entrou com uma ação para reaver a quantia aos cofres públicos.
O procurador-geral do estado, Carlos Frederico Marés, também afirmou que o acordo não foi feito em juízo e por isso não era válido.
Nesta terça-feira (7) Marés disse na Escola de Governo que ação do estado e da construtora estão sendo acompanhadas pela Procuradoria Geral do Estado e que novas informações sobre os dois processos serão dadas nas terças-feiras durante a reunião do secretariado.
O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), pediu na manhã desta terça-feira (7), durante a Escola de Governo, que os deputados estaduais do PSDB não cumpram a determinação do partido de votar contra o governo. "Do fundo do meu coração, espero que a bancada do PSDB diga não ao diretório estadual", declarou Requião.
A bancada completa do PSDB votou, na segunda-feira (6), pela primeira vez contra o governo Roberto Requião (PMDB). A nova postura foi colocada em prática no mesmo dia em que os deputados estaduais almoçaram com o prefeito Beto Richa (PSDB) para oficializar o rompimento com o governo.
Dos sete deputados da bancada tucana, cinco sempre foram governistas. Na segunda-feira, eles votaram a favor de um requerimento do oposicionista Marcelo Rangel (PPS) cobrando informações na área de segurança pública. Além da debandada dos tucanos da base aliada na Assembleia Legislativa, o deputado licenciado Nelson Garcia, que ocupa a Secretaria Estadual do Trabalho, deve deixar o cargo em 30 dias.
A crise entre PMDB e PSDB foi deflagrada depois que a Gazeta do Povo revelou que um vídeo mostrapossíveis candidatos a vereador do PRTB recebendo dinheiro para supostamente desistir da candidatura para apoiar Richa. Existe a suspeita de que o dinheiro não tenha sido contabilizado, tipificando crime eleitoral. Sem citar nomes, na escola de governo de duas semanas atrás Requião disse que a denúncia era uma boa notícia.
Nesta terça-feira, o governador insistiu pela criação de uma CPI para investigar o caso. "Diante das notícias da Gazeta do Povo e do 'Fantástico', eles [PSDB] deveriam abrir uma CPI, assim como eles querem abrir uma CPI na Petrobras [no parlamento federal]".
O governador também anunciou que o espaço da TV Educativa, que exibe a Escola de Governo, está aberto para direito de resposta de quem se sentir ofendido. "Estou convidando o Beto Richa para vir na Escola de Governo conversar comigo, para explicar o que ele acha que pode explicar", declarou o governador.
Richa anunciou na quinta-feira (2) que seu partido vai processar a TV Educativa em razão de uma entrevista dada pelo deputado estadual Fabio Camargo (PTB), candidato derrotado à prefeitura no ano passado, a um programa exibido no final do mês passado.
"Acredito que eles [deputados tucanos] vão virar a mesa. Se não virarem, não corresponderão à imagem que eu faço deles, que até hoje, é muito boa", concluiu o governador.
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