Dilma Rousseff (PT) vive seu momento mais conturbado desde que assumiu a presidência da República, em janeiro de 2011. E neste domingo (13), milhares de manifestantes prometem ir às ruas protestar contra seu governo.
Não é a primeira vez que isso acontece. Em junho de 2013 e ao longo de todo o ano de 2015, protestos de grande magnitude abalaram o governo. Desta vez, porém, há vários outros fatores envolvidos, desde os efeitos devastadores da Operação Lava Jat o até a precária situação econômica do país.
A conjunção de fatores políticos, jurídicos e econômicos com uma grande mobilização popular pode servir como combustível para o impeachment de Dilma, que tramita desde dezembro de 2015 na Câmara.
Desde Fernando Collor, nenhum presidente brasileiro passou por uma crise dessa magnitude. Vale lembrar, porém, que ao contrário de Collor, Dilma é filiada a um partido ainda significativo e conta com o apoio de movimentos sociais – que se fortaleceu após a condução coercitiva e o pedido de prisão contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O efeito das manifestações é imprevisível. “Você pode até saber como uma manifestação começa, mas é impossível dizer como ela termina”, diz Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia Política na Unicamp. É difícil apontar, também, a dimensão real que essa manifestação pode tomar – até porque isso depende de vários fatores, inclusive climáticos.
Ainda assim, é seguro dizer que as manifestações deste domingo, marcada para as 14 horas em Curitiba, na praça Santos Andrade, devem ter um impacto significativo no futuro político de Dilma e, mais importante, no futuro político do país. Resta saber qual.
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Em março de 2015, quando os protestos de maior proporção contra Dilma Rousseff ocorreram, a crise econômica já era uma realidade.
Entretanto, de lá para cá, o que era a deterioração de índices abstratos se tornou uma realidade concreta para a população brasileira. Ao longo de 2015, a taxa de desemprego cresceu 28%, segundo o IBGE. Em outubro, a inflação quebrou a barreira dos dois dígitos. E o ano terminou com uma retração de 3,8% do PIB.
Mais tangível, a crise econômica pode virar combustível para uma crise política ainda mais grave. “A crise [econômica], em março do ano passado, era mais uma disputa de versões políticas do que uma realidade. Hoje, não dá mais [para o governo] disputar versões”, diz Leonardo Barreto, doutor em Ciência Política pela UnB.
Para Barreto, o desemprego e a falta de perspectivas pode levar às ruas personagens diferentes dos que protestaram em 2015. “O cidadão comum hoje sente os efeitos concretos da crise. Isso pode ser o grande fator que tira esse sujeito de casa”, diz.
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