Lula realizou nesta terça-feira um sobrevoo pela reserva florestal da Unidade Monte Alegre da Klabin. Na visita, presidente ganhou um quadro do prefeito de Telêmaco Borba, Eros Araujo| Foto: HENRY MILLEO - GAZETA DO POVO

Lula esteve pela primeira vez em Telêmaco Borba

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O presidente Luís Inácio Lula da Silva reclamou, na manhã desta terça-feira (14), da dificuldade de se administrar a máquina pública. Durante discurso pela comemoração dos 110 anos da fábrica de papéis e celulose Klabin, na cidade de Telêmaco Borba, região dos Campos Gerais, Lula argumentou que as diversas etapas que envolvem a realização de obras impedem o governo de fazer tudo o que gostaria.

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"Todos falam que o Juscelino [Kubitchek, presidente da República entre 1956 e 1961] fez muitas obras. Se o Juscelino governasse o Brasil hoje, ele ainda não teria conseguido a licença ambiental para começar", afirmou. O comentário veio em meio a uma longa fala sobre o contexto econômico brasileiro. O presidente defendia que a crise financeira mundial pode ser combatida por meio da conscientização da população de que o impacto será menor se as pessoas não deixarem de comprar e as empresas não deixarem de investir. "Em uma empresa é mais fácil", disse. "Em um governo, há um ritual da máquina pública. Entre fazer um projeto, o projeto executivo, abrir o edital de licitação, o estudo prévio... leva muito tempo", reclamou.

Lula fez questão de citar a última reunião do G20 (que congrega líderes de países ricos e emergentes), realizada no início de abril em Londres. "Foi a reunião mais produtiva que eu participei neste mandato", afirmou. "Pela primeira vez os países ricos não quiseram me dar conselhos, que é o que, durante séculos, eles aprenderam a fazer. E quando eu defendi o fim dos paraísos fiscais, todos concordaram", lembrou.

O presidente voltou a afirmar que o Brasil é um dos países menos afetados pela crise, porque, segundo ele, o mercado interno nacional é "ávido para consumir o que nós mesmos produzimos". Ainda assim, Lula pediu aos empresários brasileiros que não deixem de fazer planos de exportação. "Mas temos que olhar para a África, para a América Latina", disse. "Todo mundo quer vender para os Estados Unidos, mas eles não podem comprar de todo mundo", explicou.

Visita

O presidente Lula chegou por volta das 10 horas à cidade de Telêmaco Borba. Imediatamente após a chegada, o presidente realizou um sobrevoo pela reserva florestal da Unidade Monte Alegre da Klabin, considerada atualmente a maior fábrica de papel e celulose do país e que comemora 110 anos em 2009. "Vim para pagar uma dívida: em setembro de 2008, quando a empresa ampliou sua estrutura e tornou-se a 10ª maior indústria de papel do mundo, fui convidado a visitá-la, mas acabei não vindo", lembrou o presidente da República.

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Por volta das 10h40, Lula fez uma visita às dependências da fábrica para conhecer a máquina de papel MP9, que foi adquirida em setembro. Com 250 metros de comprimento, o equipamento é considerado o mais moderno do mundo para fabricar papel cartão. O presidente veio acompanhado do ministro do Planejamento Paulo Bernardo (PT), do governador em exercício do Paraná, Orlando Pessuti (PMDB), além de deputados federais da bancada paranaense. Depois da cerimônia, na agenda do presidente estava previsto um voo para o Rio de Janeiro.

A cerimônia começou às 11h20, com um discurso do presidente do conselho administrativo da Klabin, Miguel Lafer. Ele agradeceu a presença das autoridades e ressaltou a importância da empresa para todo o país. Em seguida, Márcio Luiz Martins, empregado da Klabin, fez sua fala em nome de todos os trabalhadores da indústria.

Minha Casa, Minha Vida

O prefeito de Telêmaco Borba, Eros Danilo Araújo (PMDB), aproveitou o encontro com o presidente para agradecer o anúncio, realizado na noite de segunda-feira (13) pelo governo federal, de que todos os municípios do país poderão se cadastrar para participar do programa habitacional "Minha Casa, Minha Vida". Araújo havia adiantado à Gazeta do Povo, antes do anúncio, que pediria para o presidente incluir a cidade no programa de moradias populares, que antes previa a participação apenas de municípios com mais de 50 mil habitantes.

Sem poder fazer o pedido ao presidente da República, Araújo agradeceu, ainda, o repasse de R$ 1 bilhão que o governo anunciou para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para compensar as perdas que as prefeituras vinham sofrendo desde o início do ano. "Quero dizer obrigado ainda, em nome de todos os munícipes, pelos investimentos do governo federal em nossa região", acrescentou. Ele citou como exemplos o incentivo à expansão da Klabin, a Usina Hidrelétrica de Mauá e a instalação do campus de Telêmaco Borba do Instituto Federal do Paraná (Ifet-PR). Ao final, o prefeito entregou uma miniatura de uma casa, em referência ao programa habitacional inaugurado pelo governo na segunda-feira, e um quadro.

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Já o governador em exercício, Orlando Pessuti (PMDB), ressaltou os projetos da administração estadual. Citou a minirreforma tributária, que entrou em vigor no último dia 1º e reduziu o ICMS de mais de 95 mil itens e o salário mínimo regional do Paraná, que é hoje o maior do país. Cotado como sucessor de Roberto Requião (PMDB) no governo do estado, Pessuti se disse orgulhoso de poder apertar a mão do presidente da República pela quinta vez, "depois de cinco mandados de deputado estadual e dois de vice-governador".