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Na semana de ataques a São Paulo, o município de Guarulhos, na Grande São Paulo, registrou 57 mortes por arma de fogo. O número é quatorze vezes maior do que a média de mortes registrada num período de sete dias naquela cidade. Segundo estatísticas, morrem por semana quatro pessoas na cidade em casos violentos. Esse crescimento surpreendeu o Ministério Público que vai investigar se todos os casos aconteceram em confronto com a polícia ou se grupos de extermínio também aproveitaram o clima de medo para atuar no município.- Não sabemos se os casos têm relação com os ataques, mas de qualquer forma é um número fora do comum e fugiu do controle naquela semana - diz o promotor de Justiça do Júri de Guarulhos, Marcelo Alexandre de Oliveira.

O advogado criminalista Francisco Lobos viu, a pedido da OAB-SP, os boletins de ocorrência registrados em Guarulhos na semana passada. Segundo ele, vários tinham características de execução.

- São cerca de 57 mortes. Muitas com características de execução, quando um grupo chega e mata determinadas pessoas à queima-roupa. Há vários casos, de mortes em bares e pontos de ônibus - explicou.

Um levantamento feito pelo Centro de Defesa Padre Bosco Burnier mostrou que entre os 57 mortos, pelo menos 9 foram assassinados pela polícia. Já foram identificados cinco deles: Edson de Oliveira, Emerson Silva Soares, Sílvio Gonçalves da Silva, Leandro Xavier Dias e Francisco Josecleiton do Nascimento. Entidades de direitos humanos procuram as famílias das demais vítimas para saber se houve algum abuso da polícia na reação aos ataques feitos por facções do crime organizado. Apenas um policial foi morto na cidade e a reação é desproporcional aos ataques, dizem representantes da entidade.

Por enquanto, a Secretaria Estadual de Segurança não sabe informar se na lista com nomes de mortos que será entregue ao Ministério Público constam os casos de Guarulhos. O secretário de Segurança, Saulo de Castro, admite que das 110 mortes em confrontos com a polícia registradas em São Paulo, 69 tinham alguma ligação com o crime organizado. Se esses 57 casos não estiverem nas estatísticas da SSP e ficar comprovado que eles têm relação com facções criminosas, o número de suspeitos mortos em confronto com a polícia ou por grupos de extermínio pode aumentar.

O que também chama a atenção em Guarulhos é que até agora somente a capital tinha registrado um número de mortes tão elevado na onda de ataques. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo elaborou um relatório, com base em laudos feitos pelo Instituto Médico Legal (IML) da capital, com 132 pessoas mortas por arma de fogo entre os dias 12 e 19 passados. Guarulhos é a segunda maior cidade de São Paulo e concentra vários bolsões de pobreza.

O secretário Saulo de Castro, da SSP, prometeu entregar nesta quinta-feira ao Ministério Público uma lista parcial com os nomes de 69 suspeitos comprovadamente mortos em confronto com a polícia.

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