Veja quem são as pessoas que aparecem no vídeo recebendo dinheiro do Comitê Lealdade| Foto:

Entrevista com Alexandre Gardolinski, Ex-assessor especial da Secretaria Municipal do Trabalho e do Emprego.

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Pivô da crise que resultou na exoneração do secretário de Assuntos Metropolitanos Manassés de Oliveira, na última quinta-feira, Alexandre Gardolinski já ocupou vários cargos na prefeitura de Curitiba, desde a administração Cassio Taniguchi, e até a semana passada estava lotado como assessor especial da Secretaria do Trabalho e Emprego.

Ironicamente, ele próprio também acabou demitido, juntamente com Manassés e com Raul D’Araújo Santos, superintendente da Secretaria de Assuntos Metropolitanos, devido às gravações que ele próprio fez quando coordenou o "Comitê Lealdade", durante a campanha eleitoral do ano passado. Em entrevista à Gazeta, Gardolinski confirma que o dinheiro pago a dissidentes do PRTB durante a campanha não foi declarado à justiça eleitoral e que foi "doado por amigos".

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Por que alguns candidatos do PRTB desistiram de suas candidaturas?

A nossa ideia inicial sempre foi apoiar o candidato Beto Richa, e quando soubemos que o partido tinha feito uma outra coligação, isso nos pegou desprevenido. Em momento algum gostaríamos de estar aliados ao candidato Fábio Camargo.

Por que não?

Era uma questão de ideologia.

Após desistir, vocês inauguraram o Comitê Lealdade em apoio à candidatura de Beto Richa?

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Isto mesmo. Um comitê independente em prol da candidatura do prefeito Beto Richa.

O senhor coordenou esse comitê?

Sim, assumi a coordenação.

O próprio Beto Richa delegou ao senhor essa função de coordenar o comitê?

Não, isso passava por um grupo de pessoas. Mas como sempre tem que ter alguém para gerir o comitê e tomar algumas decisões, eu fiquei encarregado disso.

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De coordenar?

Também. A gente coordenava, carregava caixa, fazia o fogo, assava linguiça, várias coisas.

Você efetuou algum tipo de pagamento aos candidatos a vereador que abriram mão de suas candidaturas?

Não. Não de salário nem de provento. Nada desse tipo.

Do que, então?

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Dos eventos que foram feitos, até porque, como não tinha nada de errado, essas eram despesas pessoais que os candidatos tiveram para fazer seus eventos, que foram mais de 30 e poucos, para dar para seus cabos eleitorais. Todos eles fizeram seus eventos ou apoiaram outros candidatos que eram ligados à base do prefeito.

Ou seja, esses ex-candidatos do PRTB começaram a apoiar candidatos a vereador do PSDB?

Do PSDB, do PDT, dos Democratas, do PR, de todos os partidos que tinham afinidade com o prefeito.

A mesma quantia era paga para todos ou o valor variava?

O pagamento dependia dos eventos que eram feitos. Por exemplo: era um evento para 100 pessoas, para 150 pessoas, uns fizeram mais eventos, outros menos eventos, dependendo do porte das candidaturas.

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O valor variava de acordo com o evento?

Sim, até um limite. Mais ou menos 800 reais.

Mas no vídeo você aparece pagando R$ 800 para todos. O limite.

Agora não me lembro, porque é muita coisa. E faz tanto tempo isso. Mas o importante é que deu resultado, que todos os familiares dessas pessoas que foram ceifadas de seus sonhos puderam entender os motivos da renúncia. Por exemplo: eu me preparei durante 6, 7 anos para poder ser candidato a vereador e representar minha cidade. Fui ceifado disso. Dormi candidato num dia e no outro dia fui dormir sem poder ser candidato.

Porque você gravou os pagamentos?

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Por motivo de segurança, roubo, assalto. Até porque, como não tinha nada de errado, não tinha porque ocultar nada. Agora, eu gostaria de saber como é que essas imagens foram parar nas mãos de vocês. Todo mundo que está mexendo com essa gravação vai responder também, cível e criminalmente, pelos seus atos. Minha curiosidade é saber qual é a intenção disso.

Você mostrou essas gravações para o prefeito ou para mais alguém?

Não. O prefeito não tinha o menor conhecimento disso.

De onde vinha esse dinheiro que era pago em espécie?

Vários amigos fizeram contribuição, todo mundo fez vaquinha para ajudar os que tinham desistido.

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Amigos pessoas física ou jurídica?

Física.

O senhor pode citar alguns desses amigos?

Não, não posso. Seria indelicado com eles. Não seria elegante da minha parte.

Como esse dinheiro chegava a suas mãos para fazer o pagamento?

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As pessoas me davam.

Pessoalmente?

Claro. Até porque, como não tenho pai rico nem pai político, tudo que eu fiz até hoje nesses quase 20 anos de atuação política foi com muito suor e muita seriedade.

Quanto custou essa ajuda aos candidatos desistentes do PRTB?

Não tenho ideia. Não posso te precisar.

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Não foi feita a prestação de contas deste comitê?

Não, não. Era independente. Era todo mundo voluntário. E não era do PRTB, era de ex-candidatos do PRTB que nem puderam ser candidatos.

Então não há nenhuma prestação de contas desse comitê?

Não, até porque não era do PSDB. O que tem que saber é por que o PTB fez tudo isso. Por que essa imposição goela abaixo empurrando uma candidatura. Imagine, você se prepara durante anos pra ser candidato e daí não pode mais ser candidato. Isso é democracia? Essa é a pergunta que tem que ser feita. Agora vou tomar uma atitude muito rigorosa quanto a isso tudo, porque é meu nome que está envolvido, e o nome de pessoas de bem que não têm nada a esconder. Precisamos saber o que está por trás disso.

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