O menino prodígio que quer virar prefeito

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Carlos Augusto Moreira Júnior é conhecido por ter sido um menino prodígio. Desde os cinco anos, quando homenageava professoras em público, ao ingresso precoce no curso de Medicina, com 16 anos, Moreira se destacou. Foi o aluno mais novo na faculdade, especializou-se em oftalmologia nos Estados Unidos, seguiu os estudos até o Doutorado e ganhou a eleição para reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Agora quer ser prefeito de Curitiba.

Se por um lado Moreira se destaca por seu currículo acadêmico, por outro é desconhecido pelo eleitorado. Teve 1% das intenções de voto na pesquisa Datafolha e 0% no levantamento do Ibope. Para o ex-reitor, o desafio é tornar-se conhecido. Ele comenta que foi graças à novela das oito que muita gente soube o que um reitor faz – numa alusão ao personagem de José Wilker na novela Duas Caras.

Mesmo com as pesquisas desfavoráveis, Moreira está confiante que irá ganhar a eleição para prefeito de Curitiba. A mãe dele, Saly, diz que tem medo de política. Nenhum parente próximo da família foi político. Também quem conheceu o candidato há oito anos diz que encontrou um Moreira despreparado, que sempre terminava discursos com a citação de algum poeta, mas, que aos poucos, foi crescendo politicamente. Ele conquistou o apoio do governador Roberto Requião, um dos principais fatores da sua candidatura.

Mas quem é Moreira? Familiares o define como um homem extremamente inteligente, que faz cálculos mentais rapidamente, determinado, capaz de tomar decisões em situações difíceis e ótimo pai. Porém, só quem convive com ele na intimidade sabe, por exemplo, que algumas novelas podem prender a atenção do doutor. Ele achou interessante a atual novela das oito, A Favorita, pela trama policial, segundo a esposa Ana Tereza: "A novela, quando tem uma trama envolvente e inteligente, ele até assiste sim, mas não que fique esperando".

Moreira teve de deixar alguns hobbies por causa da campanha, entre eles a de torcer no estádio pelo seu time. Qual o time, candidato? "Torço para um time paranaense. Não vou falar porque em época de eleição é complicado." Quem abre o jogo é o pai dele, Carlos Augusto. "Ele é fanático pelo Coxa." O filho, à revelia do pai atleticano, acabou torcendo para o Coritiba, que vivia uma boa fase. "Cada um vai na sua torcida", afirma o pai. "Já levei pontapé no (estádio) Couto Pereira porque estava na torcida do Coxa, torcendo para o Atlético."

Perfil

Colegas de trabalho consideram Moreira determinado e disciplinado. O ex-reitor diz que trabalha 12 horas diariamente e tira no máximo dez dias de férias ao ano para viajar com a família. Os destinos vão desde Europa e América Central ao Nordeste brasileiro.

Moreira está casado há 25 anos com Ana Tereza, com quem tem três filhos, Camila, 23 anos, Carlos Augusto, 20 anos, e João Eduardo, 17 anos. Ana Tereza foi a única namorada que ele apresentou à família. O casamento aconteceu quando ele fazia residência médica e ela estava no quarto ano de Medicina. Ana Tereza também é oftalmologista, assim como o avô, os pais e os dois irmãos de Moreira. "Em casa, conversava sobre oftalmologia no café da manhã", lembra o candidato, que até o último ano de Medicina queria ser neurocirurgião.

Tem quem diga que Moreira é extremamente vaidoso – o que é questionado pela esposa. Para ela, o marido é prático e tem bom gosto. O cabeleireiro dele, Sérgio Luiz de Souza, o Souzinha, conta que há 18 anos Moreira mantém o mesmo corte de cabelo. Souzinha, inclusive, foi um dos que o aconselhou a se candidatar. "Falei para ele: ‘Se é isso que você quer, o que posso fazer é te ajudar’." Há três semanas, o candidato voltou ao cabeleireiro e ofereceu alguns materiais de campanha a Souzinha, que entrega adesivos ao cliente que lhe pede.

Uma das maiores torcedoras de Moreira é a primeira professora, Zoé Walvy, 92 anos, que ele homenageou em público quando tinho cinco anos. No aniversário dela, ele recitou o verso "Batatinha quando nasce". A homenagem foi feita por alunos da quarta série até o pré. Moreira era o mais novo e se disponibilizou a entregar um buquê de flor. Ouviu todos os maiores fazerem homenagens e quis falar também: "Parabéns, tia Zoé. Vou recitar Batatinha quando nasce". "Ele foi aluno exemplar mostrando seriedade e liderança. Já previa que ele venceria todos os obstáculos como homem público", aposta Zoé.