Reação
Para Requião, legalizar a atividade é "uma vergonha"
O governador Roberto Requião (PMDB), que travou uma grande batalha contra os bingos no Paraná, criticou duramente a decisão tomada ontem pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.
Críticas
Projeto abre brecha para lavar dinheiro
O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) disse ontem que a proposta que legaliza os bingos não contém qualquer vedação para o uso dos jogos de azar na lavagem de dinheiro. Segundo ele, o projeto precisava conter um dispositivo que garantisse a divulgação dos nomes dos ganhadores para evitar que a lavagem venha a ser feita.
"Do jeito que está, a opinião pública rejeitará essa lei", afirmou Cardozo. Para ele, há como encaixar no texto uma emenda que obrigue as empresas ou o governo a publicar na internet quem são os vencedores e os seus respectivos CPFs.
A divulgação dos vencedores, porém, é combatida pela Associação Brasileira dos Bingos (Abrabin). De acordo com o presidente da entidade, Olavo Sales da Silveira, as informações podem colocar em risco os vencedores. "Vai chamar a atenção dos ladrões."
Cardozo também questionou a distribuição dos recursos prevista pela lei. De acordo com a proposta, 80% do valor total revertido em apostas será utilizado em premiações. Dos 20% restantes, 17% (menos de 4% do total) serão utilizados para o pagamento de royalties, que serão revertidos em quatro fundos de interesse social.
A estimativa é de que os bingos fiquem com 14% do total das apostas para gerenciamento do negócio. "Estamos falando de jogos de azar, mas o azar é só do apostador. O empresário do ramo é que vai dar uma sorte enorme com as regras que estão sendo aprovadas", afirmou Cardozo. (AG)
Brasília - Após cinco anos de proibição, o Congresso Nacional deu ontem um importante passo para legalizar os bingos, videobingos e videoloterias no Brasil. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, por 40 votos a 7, uma proposta que restabelece essas três modalidades de jogos de azar. Apesar disso, a proposta que permitia a abertura de cassinos, que fazia parte do texto original, foi retirada do projeto votado ontem.
O texto aprovado prevê uma série de restrições às novas casas de jogo e veda, por exemplo, a criação de estabelecimentos a uma distância inferior a 500 metros de escolas e igrejas. Além disso, assegura a cobrança de royalties destinados a investimentos públicos em saúde, cultura, esportes e segurança.
O substitutivo elaborado pelo deputado Régis de Oliveira (PSC-SP) segue agora para o plenário da Câmara. Se aprovado, será remetido ao Senado e, depois, à sanção presidencial.
A larga margem de votos a favor da proposta é um termômetro do que deve ser visto nas próximas votações. A sessão de ontem foi marcada por lobbies de empresários ligados ao setor e, principalmente, pela pressão da Força Sindical a favor dos bingos.
A central de trabalhadores defende a tese de que os bingos gerariam pelo menos 250 mil novos empregos no país. "Estamos falando de mais vagas e do crescimento da indústria do entretenimento, muito importante para o futuro do país", disse o deputado e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).
O parlamentar tem sido o principal articulador do retorno dos bingos. Ele participou de pelo menos cinco reuniões com representantes da Receita Federal para definir regras e estipular valores que poderiam ser arrecadados em impostos.
Estimativas apontam que volume de tributos gerados pelos bingos pode chegar a R$ 6,5 bilhões por ano. Os números saltaram aos olhos dos governistas, que novamente adotaram uma postura ambígua sobre o tema.
"O jogo existe desde o início da sociedade humana. Não dá para tratar como crime o que a população não enxerga como sendo crime", disse o deputado José Genoino (PT-SP). Ele votou a favor do texto apreciado pela CCJ.
O principal crítico da proposta, no entanto, também foi um petista, o paulista José Eduardo Cardozo. Durante as discussões, ele se aliou ao ex-líder do PSDB, Antonio Carlos Panunzio (SP), para tentar derrubar o projeto. O tucano citou uma frase histórica do presidente Lula, que comparou os bingos à prostituição infantil em 2004.
No mesmo ano, Lula enviou ao Congresso uma medida provisória que proibiu os jogos. O texto foi aprovado na Câmara e rejeitado no Senado, o que provocou uma série de ações judiciais que se espalharam pelos estados, com diferentes decisões. Até que, em 2007, o Supremo Tribunal Federal proibiu os estados de legislar sobre quaisquer jogos recreativos.
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano
Deixe sua opinião