O criminalista Roberto Podval, que defende o ex-ministro José Dirceu – preso na Operação Pixuleco, 17.º capítulo da Lava Jato –, afirmou na quinta-feira, 6, que ”o Zé nunca foi dinheirista”. Após acompanhar o depoimento do irmão do ex-ministro, advogado Luiz Eduardo Oliveira e Silva, que também foi preso na Pixuleco, Roberto Podval declarou que “é estúpida” a suspeita da Lava Jato de que José Dirceu era o chefe da organização que se instalou na Petrobras entre 2004 e 2014 para desvios, fraudes e propinas.
Nestor Cerveró negocia delação e diz que vai falar sobre compra de Pasadena
Ex-diretor da área Internacional da Petrobras afirmou que dará nomes de beneficiados por propina
Leia a matéria completaCineasta recebeu R$ 238 mil da empresa de Dirceu e entrou no radar da PF
Dinheiro para produtora de Luiz Carlos Barreto foi dada pela JD Consultoria entre 2009 e 2010 para fazer filme sobre o ex-ministro preso; ele repassou à polícia extratos bancários e documentos
Leia a matéria completa“Podem fazer a crítica que quiserem, podem gostar dele (Dirceu) ou não, o público pode odiá-lo, mas o Zé nunca foi dinheirista, não é a história dele. Zé nunca foi atrás de dinheiro. Colocarem ele como chefe de quadrilha é uma coisa estúpida. Aí eu vejo delator (Pedro Barusco, ex-gerente de Engenharia da Petrobras) entregando R$ 249 milhões e o Zé pedindo dinheiro para sobreviver. Isso não é chato? Aí ele é o chefe de quadrilha? É a coisa mais estúpida que ouvi”, afirmou o advogado. Podval destacou que “até hoje nenhum dos delatores falou do Zé recebendo no exterior”.
De acordo com as investigações da PF, a empresa do ex-ministro JD Assessoria e Consultoria faturou R$ 39 milhões em oito anos, valor supostamente com origem em propinas do esquema Petrobras. A PF diz que Dirceu continuou recebendo propinas mesmo depois de preso na Papuda, em Brasília, condenado no Mensalão por corrupção ativa a 7 anos e 11 meses.
Segundo Podval, o irmão do ex-ministro admitiu à Polícia Federal ter procurado empresas para pedir dinheiro, quando Dirceu já estava preso. “O Luiz Eduardo (irmão de Dirceu) contou, esclareceu tudo. Ele procurou, sim, empresas com as quais a JD Assessoria e Consultoria já tinha contratos. Algumas ajudaram, 10 mil reais, 20 mil reais, outras não. Estava numa situação grave, com dívidas. Ora, não tem sentido o irmão ficar pedindo dinheiro e aí dizem que o Zé ficou rico.”
Roberto Podval afirmou que o ex-ministro não vai fazer delação premiada. “O Zé morre na cadeia, mas o Zé não faz delação. É só conhecer o Zé Dirceu. Não é um homem que busque enriquecer, não é esse o objetivo da vida dele. Não é um homem que admite fazer delação, pela sua própria estrutura. Ele é um dos dois ou três que morrerão sem fazer delação.”
O criminalista rebateu a informação de que Dirceu tentou ocultar patrimônio ao vender para um ex-sócio dele na JD Assessoria a casa onde mora sua mãe, em Passa Quatro (MG). “Esse patrimônio não foi ocultado. O imóvel já estava registrado no nome dele (Júlio César). Essa relação está esclarecida, a casa foi passada para o nome dele (Julio César), não foi escondido não. É bom que se diga. A casa da mãe, a casa do irmão, a casa do Zé, isso não tem nenhuma comparação com o patrimônio dos que estão aí fazendo as delações. Os valores que estão colocados, estou falando dos operadores (de propinas), dos delatores que saíram correndo para delatar todo mundo e que se colocaram como os bonzinhos da história. Todos eles têm fortunas, fortuna que nenhum de nós conseguiu ter. Por isso, é importante tratar as coisas como elas são.”
O criminalista disse que visitou Dirceu na Custódia da PF em Curitiba, base da Lava Jato. Garantiu que o ex-ministro não falou nada sobre a falta de apoio do PT. “Eu conversei longamente com o Zé. Ele está muito sereno. O Zé não está trabalhando muito com política partidária. Ele entende a situação do País, todo mundo muito preocupado com isso. A preocupação dele hoje é a defesa dele, desfazer esse imbróglio em que foi colocado. Não vi mágoa dele com o PT, nem cobrança do PT, nem expectativas (de apoio do partido). Está muito sereno.”
Médicos afirmam que Lula não terá sequelas após mais uma emergência de saúde em seu 3º mandato
Saúde de Lula ameaça estabilidade do Governo em momento crítico; acompanhe o Sem Rodeios
Mudanças feitas no Senado elevam “maior imposto do mundo” para 28,1%
Congresso dobra aposta contra o STF e reserva R$ 60 bi para emendas em 2025
Deixe sua opinião