A Polícia Federal entregará oficialmente, na tarde desta quinta-feira,19, ao Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, obras de arte apreendidas na casa do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Ele foi preso durante a décima fase da Operação Lava Jato, batizada de Que País é Esse?, na segunda-feira, 16.
Foram apreendidas 131 obras com Renato Duque e outras oito na casa do lobista Adir Assad, outro alvo da Lava Jato. A Polícia Federal não tem estimativa do valor do acervo confiscado de Duque, que tinha obras atribuídas aos artistas Joan Miró, Djanira, Alberto Guignard, Heitor dos Prazeres, Agostinho Batista de Freitas, Antonio Poteiro e Yara Tupynambá. Perícias serão realizadas para confirmar a autenticidade dos objetos.
Segundo despacho da Justiça, os quadros seriam levados da casa do ex-diretor Renato Duque por terem sido supostamente comprados ou negociados com recursos ilícitos. “Nessas condições, e em cognição sumária, tendo Renato Duque recebido pagamentos ilícitos oriundos de contratos milionários firmados com a Petrobrás, é provável que as obras apreendidas tenham sido adquiridas com produto de crimes, estando sujeitas, portanto, ao confisco em eventual processo e condenação criminal. Ainda que assim não seja, poderão servir para eventual indenização da vítima”, diz o despacho. Com os novos quadros de Renato Duque, somente com obras apreendidas pela polícia, o acervo do Museu Oscar Niemeyer chega a 154 telas.
Para os investigadores da Operação Lava Jato, Renato Duque é o elo do PT com o esquema de desvio de dinheiro na Petrobras. O protagonismo de Duque foi reafirmado na terça-feira, 10, pelo ex-gerente executivo da Diretoria de Serviços da Petrobrás Pedro Barusco em depoimento à CPI.
O ex-diretor foi preso pela segunda vez na segunda-feira, 16. Na primeira, em novembro de 2014, Duque questionou a seu advogado, por telefone: “Que País é esse?”. A frase batizou a 10ª fase da operação, deflagrada no mesmo dia da segunda prisão do ex-diretor.
O ex-diretor da Petrobrás Renato Duque não usa bem o dinheiro para comprar obras de arte. Com exceção de uma tela de Miró encontrada pela Polícia Federal em seu apartamento - que, se for autêntica, deve oscilar entre US$ 4 milhões e US$ 5 milhões - não se tem notícia de obras-primas no acervo suspeito de ser adquirido pela propina.
Há, claro, artistas importantes para o modernismo brasileiro, como o carioca Guignard (1896-1962), mas as obras do pintor em poder de Duque não são das melhores: uma paisagem pouco inspirada de Ouro Preto e um Cristo sem muita expressão. Também há uma tela de Djanira, um desenho de Milton Dacosta - o da sua pior fase, quando troca o construtivismo, nos anos 1960, por vênus gordinhas - e gravuras de Carybé, Roberto Magalhães e Gerchman que estão longe de alcançar altas cifras no mercado.
Parece que os investigados na Lava Jato não levam jeito para colecionadores. Antes, a PF havia apreendido telas de Romero Brito, o que, no mínimo, revela que corruptos podem ter olho para notas de dólar, mas não entendem de arte. Especial para O Estado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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