O oficial de Justiça designado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para informar Renan Calheiros do afastamento do cargo de presidente do Senado afirmou que não conseguiu entregar o mandado, após ter sido “submetido a toda ordem de tratamento evasivo dos assessores”.
Segundo o oficial, os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Jorge Viana (PT-AC) e Vicentinho Oliveira (PR-TO) não assinaram, e o advogado do Senado Alberto Cascais apresentou uma nota explicando que a Mesa do Senado decidiu aguardar a decisão final do Pleno sobre a liminar concedida pelo ministro do STF Marco Aurélio Mello afastando Renan.
Renan: decisão da Mesa do Senado defende a independência entre os Poderes
Leia a matéria completa“Ora [os assessores] se revezavam em afirmar que o senador estaria em reunião, ora me deixavam sem nenhuma informação concreta, a aguardar em uma sala de espera”, disse o oficial de Justiça Wessel Teles de Oliveira.
O oficial afirmou ter se dirigido, na noite da segunda-feira (5), à residência oficial da presidência do Senado às 21h30 e ter visto Renan Calheiros se despedindo do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
“Ato seguinte, quando da saída do deputado, uma assessora veio ao meu encontro e afirmou que senador Renan Calheiros não se encontrava na residência. Ato imediato, afirmei que a informação não correspondia à verdade, uma vez que conseguiria apontar para a figura do senador caminhando em sentido oposto ao meu”, diz o oficial de Justiça.
Ele registrou, na certidão de devolução de mandado, a foto feito por Dida Sampaio, do Estadão, que estampou as capas dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo nesta terça-feira, como prova de que Renan lá estava e que a versão que ouviu da assessora não se sustentava.
Após esperar à noite, o oficial de Justiça afirma ter sido orientado a voltar às 11 horas desta terça-feira, e voltou ao local no horário combinado, porém esperou até as 15 horas sem respostas. “Fui submetido a toda ordem de tratamento evasivo dos assessores, que ora se revezavam em afirmar que o senador estaria em reunião, ora me deixavam sem nenhuma informação concreta, a aguardar em uma sala de espera”.
“Ao fim, às 15 horas, depois de certa insistência, obtive contato com o chefe de gabinete, Alberto Machado Cascais Meleiro, que me entregou o documento anexo informando a recusa em receber a notificação. Diante do exposto, devolvo o presente mandado sem seu efetivo cumprimento”, concluiu Wessel Teles de Oliveira.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Deixe sua opinião