A conturbada relação PT/PMDB ganhou mais um poderoso ingrediente na manhã desta terça-feira (15). A Operação Catilinárias, que cumpriu 53 mandados de busca e apreensão majoritariamente contra políticos peemedebistas, promete interferir na disputa travada entre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e o Palácio do Planalto. Deputados paranaenses do partido relativizaram os reflexos da operação para a decisão do partido de permanecer ou sair do governo. Mas se mostraram surpresos com a presença maciça de políticos do PMDB nessa fase da Lava Jato justamente em momento que o partido pode ser o fiel da balança no processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
“É claro que é, no mínimo, estranho [que haja majoritariamente políticos do PMDB nessa fase da operação], até porque a Lava Jato não se resume ao PMDB. Mas eu não posso emitir juízo de valor, porque a investigação pode ir para um lado ou para outro”, disse o deputado Sérgio Souza, que afirmou ainda não ver a operação como alguma retaliação à decisão de Eduardo Cunha de abrir o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
“A decisão foi do [Eduardo] Cunha e não do PMDB. Logico que a bancada participará do processo, como vai compor a comissão [do impeachment]. Mas o processo legal não permite que esse tipo de decisão [impeachment] seja algo pessoal.”
Já o deputado Osmar Serraglio foi mais incisivo na crítica ao momento da operação. “Claro que posso ver coincidência [no fato de políticos do PMDB serem alvos da operação], mas também posso ver uma coisa orquestrada. Na hora que o PMDB mostra que vai se manifestar mais incisivamente em relação ao impeachment, há uma ação tão incisiva. Se é orquestrada ou não, não dá para dizer. Por enquanto, digo que é uma extraordinária coincidência”, afirmou o congressista, que ainda brincou com o fato de a ligação ter caído no momento da entrevista. “Vai ver estou grampeado só pelo fato de eu ser do PMDB”.
Consequências
A pauta na Câmara dos Deputados está travada em função da análise do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o rito processual do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff . Um acordo informal dos líderes partidários definiu que as votações serão retomadas apenas após a manifestação do STF acerca do assunto.
Na última segunda-feira (14), porém, o líder do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT/CE), disse que a base aliada trabalhará para votar nesta semana as duas medidas provisórias (692 e 694) que fazem parte do ajuste fiscal e a Proposta de Emenda à Constituição, que trata do pagamento de precatórios. O Governo Federal também espera pela aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentarias de 2016, que pode ser incluída na pauta desta terça.
“A Câmara deve seguir o seu rito normal. Eu, particularmente, estou disposto a trabalhar no recesso pra definir algumas situações, como o caso do impeachment. E temos que votar o orçamento rápido, por mais previsão de instabilidade que exista no futuro do país”, disse o deputado João Arruda, que reiterou seu apoio para que o PMDB permaneça no governo.
“A participação do PMDB no governo foi aprovada em convenção coletiva do partido. Parece que ser pró-impeachment agora é muito mais interesse para que o partido assuma a presidência do que para pensar no país, ou até mesmo discutir o impeachment de fato e suas consequências”, criticou o congressista.
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