Gleisi Hoffmann, senadora| Foto: Cesar Machado/ Gazeta do Povo

Base manobra e depoimento do doleiro à CPI é adiado

Preocupado com o impacto de declarações de Alberto Youssef às vésperas das eleições, o governo conseguiu adiar o depoimento do doleiro na CPI que investiga a corrupção na Petrobras. Após intensa mobilização do Palácio do Planalto, o depoimento de Youssef deverá agora ser realizado na quarta-feira, dia 29, três dias depois do segundo turno da disputa presidencial.

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A bancada de oposição na CPMI da Petrobras deve apresentar um requerimento na quarta-feira (23) pedindo a convocação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Ela foi acusada pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa de receber R$ 1 milhão, oriundos de desvios na estatal, para sua campanha ao Senado, em 2010. A apresentação está sendo articulada pelo deputado Fernando Francischini (SD-PR). A senadora nega as acusações, e considera que Francischini age com "valentia seletiva" ao pedir seu requerimento, mas ignorar acusações contra outros parlamentares – incluindo seu colega de partido Luiz Argôlo (SD-BA).

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Segundo Francischini, deputados de oposição esperam que o presidente da CPMI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), coloque o requerimento em votação depois da oitiva do atual diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza – que sucedeu Costa na função. Os parlamentares devem apresentar um requerimento conjunto. "Acredito ser imprescindível ouvir a senadora, pois ela foi ministra-chefe da Casa Civil", afirma. Segundo o deputado, o documento ainda está sendo redigido.

Francischini disse, ainda, que a oposição estuda convocar também Paulo Bernardo, marido de Gleisi e atual ministro das Comunicações. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, consta no caderno do ex-diretor a anotação "PB 1,0". Isso seria uma espécie de "recibo" do pagamento à campanha da petista, e significaria "Paulo Bernardo, R$ 1 milhão". Ele diz, entretanto, que aguarda receber a delação por completo antes de pedir a convocação do ministro.

Gleisi voltou a negar todas as acusações, e disse que o deputado age por motivações políticas. "A valentia do ex-delegado é seletiva. Quando divulgaram o nome de dezenas de deputados federais, incluindo um colega de partido [Argôlo] e o atual presidente da Câmara [Henrique Eduardo Alves, PMDB-RN], ele não falou em convocar ninguém", disse. "Além disso, ele se apresenta como amigo do juiz e detentor de informações privilegiadas. É bom que ele divulgue logo essas informações, para não parecer que está tentando achacar alguém", comentou.

Denúncias

No último domingo, o jornal O Estado de S. Paulo divulgou mais um vazamento da delação premiada de Costa ao Ministério Público Federal (MPF). Neste trecho, o ex-diretor da Petrobras diz que repassou R$ 1 milhão à campanha de Gleisi, em 2010. O valor teria sido solicitado pelo doleiro Alberto Youssef, e repassado a um "emissário" da campanha em dinheiro vivo.

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Gleisi nega as acusações, e diz que estuda tomar medidas judiciais contra o veículo. "Sem ter provas, sem nada de concreto, eles deram uma manchete. No meu caso, as denúncias não vão ser comprovadas porque não houve nada disso, mas o estrago já foi feito", diz. Ela diz também que vai requisitar o teor do depoimento na Justiça. A senadora diz ainda "não ter dúvidas" que as acusações têm motivações políticas, especialmente por sua proximidade com a presidente Dilma Rousseff (PT), de quem foi ministra por quase três anos.