A oposição atribuiu ao governo federal a "lambança" provocada pelo boato sobre o fim do Bolsa Família e afirma que irá pedir explicações à Caixa Econômica Federal sobre a antecipação no pagamento dos recursos do programa.
Na edição de hoje, a Folha de S.Paulo revelou que a Caixa alterou, sem aviso prévio, o calendário de pagamento na véspera da disseminação do boato que gerou filas e tumulto em agências de 13 Estados no último fim de semana.
O banco liberou todos os benefícios -no valor total de R$ 2 bilhões- na sexta-feira (17). Pela regra oficial, o pagamento é feito de forma escalonada, seguindo a ordem do último número do cartão.
A informação sobre a mudança foi confirmada pela Caixa, que até então vinha dizendo que o calendário estava mantido e que os pagamentos só foram liberados emergencialmente no final de semana para atenuar o efeito do boato.A Polícia Federal, que apura uma possível ação orquestrada, ainda não identificou a origem da informação.
O Líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio, quer que o presidente da Caixa, Jorge Hereda, dê explicações sobre a antecipação do pagamento e também sobre a mudança na versão dada pelo banco."A Caixa Econômica precisa dar explicações sobre o que motivou a antecipação dos benefícios e porque só agora admitiu ter feito o pagamento antes do previsto. Não nos parece ser rotineiro e fácil antecipar o pagamento de R$ 2 bilhões de uma hora para outra", afirmou Sampaio.
Segundo ele, a PF precisa apurar se a mudança sem comunicado prévio pode ter contribuído para a disseminação do boato.Em nota enviada à Folha de S.Paulo, a Caixa afirmou que, em busca de "melhorias no Cadastro de Informações Sociais", optou por permitir o saque pelos beneficiários no dia 17 independente do calendário individual.
Para o senador paranaense Alvaro Dias, vice-líder do PSDB no Senado, a responsabilidade pela disseminação do boato é "oficial".
"A lambança foi do governo. E ainda se tentou, desonestamente, incriminar a oposição", afirmou o senador neste sábado.A crítica faz referência às declarações da ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos), que na segunda-feira atribuiu os boatos à "central de notícias da oposição".
Ela foi depois desautorizada pela presidente Dilma, chamou de "criminoso" e "desumano" o responsável pelo boato.Para o líder do MD (Mobilização Democrática) na Câmara, deputado Rubens Bueno, se há "criminoso" neste caso, trata-se do "próprio governo que ensejou o boato" ao liberar os recursos de forma "incompetente" e "atabalhoada"."Funcionários da própria Caixa admitiram que ocorreram erros e foi permitida a liberação antecipada dos benefícios. O erro pode ter dado origem ao boato. Cabe ao ministro e a direção da Caixa esclarecer muito bem a situação", afirmou.
Já o senador José Agripino Maia (RN), presidente nacional do DEM, disse que não estranharia se o próprio governo estivesse por trás dos boatos.Para o senador, o episódio do Bolsa Família está sendo usado politicamente pelo governo.