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Conversas gravadas e publicadas no final de semana aumentaram as suspeitas de uso de caixa dois pela governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, do PSDB. Ela nega as acusações. Deputados da oposição querem a abertura de uma CPI na Assembléia Legislativa.

A denúncia foi publicada pela revista "Veja", que teve acesso a diálogos gravados entre Marcelo Cavalcante, ex-assessor da governadora, e o empresário Lair Ferst, acusado de participar do desvio de recursos do Detran gaúcho.

Segundo a reportagem, num do trechos, Marcelo afirma que Yeda recebeu dinheiro de caixa dois de campanha depois que a eleição terminou. Seriam R$ 400 mil, pagos por dois fabricantes de cigarros.

Ainda segundo a revista, o ex-assessor Marcelo Cavalcante disse que entregou esse dinheiro a Carlos Crusius, ex-marido da governadora.

A revista também afirma que o conteúdo das gravações foi confirmado pela empresária Magda Koenigkan, ex-companheira de Cavalcante.

A empresária declarou à revista que ele falava até em "caixa dois do caixa dois". E que, segundo Marcelo Cavalcante, os R$ 400 mil teriam sido usados na compra da casa da governadora Yeda Crusius.

Magda Koenigkan afirmou que, em novembro, o empresário Lair Ferst contou a Marcelo Cavalcante que tinha gravado aqueles diálogos e que iria entregá-los à Justiça.

Em fevereiro, Marcelo Cavalcante, que era chefe do escritório do Rio Grande do Sul em Brasília, foi encontrado morto, no Lago Paranoá. As investigações da polícia do Distrito Federal indicaram que ele se suicidou.

Outro lado

Numa entrevista ao jornal "Zero Hora", o ex-marido da governadora negou todas as acusações. "Eu não recebi R$ 400 mil do Marcelo. Aliás, eu nunca vi R$ 400 mil na minha vida ‘junto’ assim. Aí, tu vai dizer: ah, mas tem uma fita... É impossível ter uma fita onde eu esteja recebendo R$ 400 mil do Marcelo."

A governadora Yeda Crusius não quis gravar entrevista nesta segunda. Durante o fim de semana, ela também negou todas as acusações de caixa dois. E disse que o Ministério Público comprovou que não houve irregularidades na compra da casa.

"Foi assim, uma campanha eleitoral que não visava recursos para enriquecer qualquer pessoa. Eu, aliás, já tenho tudo que precisava e queria na vida, inclusive para comprar esta casa. Desconsidero as declarações desta moça, que ela está falando como se estivesse ouvindo de uma pessoa que não pode mais falar. Marcelo está morto", afirmou a governadora.

Os partidos de oposição querem a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o caso. Deputados do PT vão tentar conseguir as 19 assinaturas necessárias durante a sessão desta terça, na Assembléia Legislativa.

"A própria governadora deve ter interesse de esclarecer porque esses fatos nao são denúncia da oposição. São revelações de pessoas que integravam o governo", afirmou o deputado Bohn Gass (PT).

Os deputados governistas dizem que não há provas que sustentem a abertura de uma CPI. "É uma jogada política que é feito para desgastar o governo. Somente isso", disse o deputado Adilson Troca (PSDB).

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