A situação de Eliseu Padilha, ministro-chefe da Casa Civil que está licenciado do governo após uma cirurgia, se complicou ainda mais. Não bastassem o fogo amigo de José Yunes e o depoimento de Marcelo Odebrecht ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que disse ter tratado diretamente com Padilha para repasse de recursos para a campanha eleitoral de 2014, agora é a vez do PSOL protocolar uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR).
Foi a bancada do PSOL na Câmara que protocolou a representação, na quinta-feira (2). Segundo o líder do partido, deputado Glauber Braga (RJ), o objetivo é ampliar as investigações sobre as informações prestadas por José Yunes, em depoimento ao Ministério Público Federal, de que foi Padilha quem negociou com o ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo uma doação de R$ 10 milhões para o PMDB em 2014.
Yunes, que é amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer, afirmou que acredita ter sido utilizado como “mula” por Padilha para distribuição de recursos ilícitos para campanhas eleitorais.
“Face os relevantes indícios aduzidos, vimos requerer a esse eminente órgão que dê prosseguimento à investigação, com a necessidade de celeridade, para que se apura eventuais irregularidades cometidas (por Padilha)”, diz a peça.
Permanência de Padilha é incerta e já há candidato para a vaga
A permanência de Padilha no governo é considerada incerta, apesar de assessores afirmarem que o ministro volta ao cargo na segunda semana de março. A pressão no Planalto pela saída do chefe da Casa Civil aumentou e o nome do atual presidente da Petrobras, Pedro Parente, passou a ser cogitado para o cargo. Ele ocupou o posto no governo Fernando Henrique Cardoso.
No governo Temer, Padilha é o fiador da reforma da Previdência, uma das mais importantes bandeiras do Planalto, e tem papel importante na articulação política com o Congresso. Sua ausência agravou o isolamento do presidente, que já perdeu auxiliares próximos como o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima e o próprio Yunes, além do atual líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR) – que era ministro do Planejamento e deixou o cargo em meio às investigações da Lava Jato. Além disso, o ministro Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, é outro amigo e auxiliar citado na operação. “Perder Padilha seria mais um duro golpe”, comentou um interlocutor do presidente.
Depoimento agrava situação e Temer estuda processo
O depoimento de Marcelo Odebrecht também agravou a situação de Padilha. Temer e seus advogados ainda estudam qual estratégia seguirão para enfrentar as novas fases do processo que tramita no TSE. Nenhuma hipótese de ação está descartada e a ideia inicial continua sendo a de protelar ao máximo o processo, inclusive com a possibilidade de apresentação de recursos de toda a ordem, e até mesmo pedido de anulação dos depoimentos. O argumento que foi levantado no Planalto é que o depoimento colhido de Marcelo Odebrecht foi a partir de uma questão ilegítima: o vazamento de uma delação que está sob segredo de Justiça. Mas este caminho ainda não está decidido.
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