Um documento apreendido pela Polícia Federal em escritório do grupo Odebrecht em São Paulo indica como a empresa preparou um engenheiro da empresa, não identificado, com uma lista de respostas a serem dadas a perguntas que poderiam ser feitas pela PF em inquérito na Operação Lava Jato.
As perguntas indicam que o funcionário, um "líder empresarial da Divisão de Engenharia Industrial" e contratado da Odebrecht desde 1985, poderia ser indagado pela PF sobre as obras realizadas pela empreiteira no Comperj, um complexo petroquímico do Rio de Janeiro construído pela Petrobras.
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Leia a matéria completaAo ser indagado sobre de quantas licitações a Odebrecht participou para o Comperj, o interrogado deveria dizer que “especificamente não se recorda e que nos últimos cinco anos a empresa recebeu mais de 500 cartas-convite para participar de obras de Petrobras”.
Desse total, apresentou “proposta em cerca de 10% ou 15%, algo como 60 ou 70 propostas, e ganhamos seis”.
O engenheiro deveria recorrer à suposta falta de memória em outro ponto do interrogatório, ao ser abordado sobre eventual desavença com a empreiteira Galvão em uma licitação. "Não. Não me recordo de ter trabalhado com a Galvão em nenhum projeto. Pelo que li no jornal hoje o [doleiro Alberto] Youssef devia estar aplicando algum golpe neles usando o nosso nome, isso sim", diz o texto.
Paulo Roberto Costa
O engenheiro também deveria afirmar que de modo algum confirma ter recebido uma solicitação de contribuição financeira para a campanha à reeleição, em 2010, do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB-RJ). A mesma negativa seria dada sobre um eventual pedido do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa feito ao consórcio construtor do complexo, do qual a Odebrecht fazia parte.
O engenheiro foi instado a dizer que se encontrou com Paulo Roberto Costa apenas na Petrobras, que jamais esteve na casa dele, embora pudesse reconhecer ter comparecido, a convite, no casamento da filha do ex-diretor.
Para reforçar a suposta falta de intimidade, o documento dá uma dica para o engenheiro. Ele deveria comentar, "em off que no jargão jornalístico representa a proteção de fontes que devem permanecer sem identificação uma certa "história do Tivoli", não explicada.
Sobre o tema das doações para campanhas eleitorais, o interrogado foi orientado a dizer: "Verifiquei no inquérito uma doação de 2010 de R$ 200 mil ao PMDB do RJ. Mas eu não tinha conhecimento disso pois não trato de doações a partidos políticos".
Segundo outra resposta orientada, o homem deveria explicar ao delegado da PF: "Como o senhor pode imaginar, diversos executivos da empresa recebem pedido de doação. Minha recomendação sempre foi que fossem encaminhadas para a área institucional da construtora para análise no contexto global da empresa. Eu mesmo estava muito afastado desse universo".
Procurada pela reportagem, a Odebrecht ainda não se manifestou.
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