Renan se licencia da presidência do Senado por 45 dias
Após cerca de 24 horas de conversas com aliados na Residência Oficial da Presidência do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou nesta quinta-feira (11) que vai se licenciar da presidência do Senado por 45 dias. O anúncio foi feito através de um pronunciamento de Renan transmitido pela TV Senado.
"Com este gesto, quero preservar a harmonia no Senado", afirmou Renan no pronunciamento.
Começou uma nova era no Senado, diz Tião Viana
O senador Tião Viana (PT-AC), que vai assumir a presidência do Senado após o pedido de afastamento de Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que vai começar uma nova era no Senado. Na quinta-feira (11), Renan se licenciou do cargo por 45 dias.
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A decisão do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) de deixar a presidência do Senado por 45 dias foi considerada tardia e vista com ressalvas por analistas políticos. Para eles, a atitude pode ser uma manobra do governo para aprovar a prorrogação da cobrança da CPMF. Segundo os próprios senadores, o afastamento de Renan do cargo vai melhorar o clima na Casa, mas não é garantia de que a votação será facilitada e nem que o mandato dele será preservado.
Renan Calheiros não suportou a pressão de quase cinco meses em que esteve no centro de uma crise política e anunciou, na noite da quinta-feira, em um curto pronunciamento na TV Senado, seu licenciamento da presidência do Senado.
A informação foi antecipada pelo blog do colunista Ilimar Franco.
Nos 45 dias em que ficará afastado, o cargo será ocupado pelo vice-presidente Tião Viana (PT-AC).
Para os especialistas, se a licença for apenas um pano de fundo para uma possível barganha do Executivo federal junto aos seus aliados, a saída de Renan arranharia ainda mais a imagem do governo e do Senado, já desgastadas por conta do arrastado processo contra o peemedebista.
- Se isso (a licença) se configurar como uma barganha, o governo vai ter que se explicar no futuro - afirmou o presidente da ONG Transparência Brasil, Claudio Abramo:
- É importante que a licença signifique um real afastamento do Renan da Mesa Diretora, se não de nada vai adiantar.
Na opinião do professor de Ética e Filosofia da Universidade de Campinas (Unicamp), Roberto Romano, avaliou como perigosa a possível negociação do governo com o senador.
- Cada variável possível nesse caso da CPMF esconde uma armadilha perigosa. Se ele (Renan) negociou com o governo em troca de absolvição, isso vai ficar ruim para o governo e para o Senado. Se, lá na frente, for considerado culpado, o PMDB que está com o Renan tomará atitude drástica contra o governo. É uma armadilha perigosa - disse.
Para o jurista Dalmo Dallari, a saída de Renan é um dado positivo em meio à carga negativa que invadiu o Senado.
- A presença do Renan era tão ruim para o Senado que uma possível negociação em relação à CPMF se transformou em plano secundário. Todo o Senado estava comprometido - disse Dallari.Renan passou a sexta-feira na residência oficial
Nesta sexta-feira, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) se recusou a comentar a afastamento de Renan. Ela esteve junto com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, no município de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, para visitar quartéis do Exército e Marinha na região de fronteira.
- Não vou comentar, pois não é assunto da minha área. Sobre esse assunto, eu não falo - avisou a ministra chefe da Casa Civil.
Um dia depois de se licenciar da presidência do Senado, Calheiros passou o dia na residência oficial, segundo informações de seguranças. Durante o dia não foi visto nenhum movimento aparente. Apenas um dos filhos do senador saiu da casa, no início da manhã de sexta, e foi até um dos carros pegar um documento. Nenhum aliado visitou o senador, que responde a quatro processos por quebra de decoro parlamentar. A única movimentação na residência oficial do Senado foi de jornalistas que fizeram plantão na área externa da casa.
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