Aliados do governo, os senadores Almeida Lima (PMDB-SE), Marcelo Crivella (PRB-RJ) e Patrícia Saboya (PDT-CE) fracassaram na tentativa de transformar o apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em votos. Os três senadores sequer chegaram ao segundo turno. Por imposição da lei eleitoral, os parlamentares não puderam usar em seus programas a imagem do presidente. Ou seja, tiveram de dispensar no palanque o que julgavam ser a principal bandeira de suas campanhas.
"Do governismo, eles ficaram apenas com o ônus, sem poder recorrer ao bônus nas votações pontuais", avalia o cientista político Paulo Kramer. O fiasco na campanha dos senadores é, segundo Kramer, uma prova de que, nas disputas municipais, o parlamentar tem de ter algum tipo de bandeira que convença o eleitor, "tem de ter luz própria", sentencia.
O professor de Ciências Políticas João Paulo Peixoto acredita que os senadores podem, ainda, ter sido vítimas da "distância" provocada pelo cargo e as exigências do eleitorado da cidade em que tentaram se eleger. "É possível que eles tenham sido vitimados duplamente, por não puderem apregoar proximidade com o presidente e por não estarem envolvidos nas questões municipais", afirma.
O mesmo mal do afastamento contagiou os deputados federais. Dos 82 de 16 partidos que se candidataram, apenas 28,04% (23 deputados) se elegeram ou estão ainda na disputa em segundo turno. Treze deputados que foram às urnas se elegeram no primeiro turno e 10 enfrentam o segundo turno.
Para os senadores Patrícia Saboya e Almeida Lima, apesar das limitações impostas pela lei, o presidente Lula fez o que pode para ajudá-los. "A melhor forma dele me ajudar, foi não ter vindo aqui", defende a senadora, que ficou em terceiro lugar na disputa pela prefeitura de Fortaleza com 15,41% dos votos válidos, referindo-se à estratégia de Lula de não fazer campanha aberta para candidata de seu partido, a prefeita Luizianne Lins, que foi reeleita no primeiro turno.
Para Almeida Lima, que disputou a prefeitura de Sergipe e obteve apenas 17,73% dos votos, Lula cumpriu com o compromisso feito com a direção nacional de seu partido, o PMDB, de não favorecer o candidato petista. "O apoio de Lula é bom, é um apoio importante e como presidente ele apóia quem apóia ele", defende. Por sua vez, Crivella foi quem mais usufruiu da proximidade com o governo e quem mais surpreendeu por não ter chegado ao segundo turno, depois de passar um bom tempo da campanha à frente dos demais concorrentes. Ele obteve apenas 19% dos votos válidos e ficou em terceiro lugar na disputa. O vice-presidente da República, José Alencar, de seu partido, disse mais de uma vez que Crivella era o candidato do governo, ou - nas suas palavras - era "o candidato do coração do presidente Lula".
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