Atualizado em 07/12/2006 às 20h47
O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos da Silva Bueno, anunciou nesta quinta-feira uma medida para descentralizar o controle aéreo brasileiro, que atualmente é concentrado no Cindacta 1, centro de Brasília, responsável por 80% dos vôos do país. A idéia é equipar os centros do Rio de Janeiro e de São Paulo, que atualmente funcionam apenas como centros de aproximação, o que significa que não têm capacidade para atender vôos de cruzeiros (aqueles acima de 25 mil pés).
A Aeronáutica informou que irá comprar equipamentos e providenciar o treinamento de pessoal para atuar no Rio e em São Paulo, que deverão começar a funcionar como o centro de Brasília dentro de seis a oito meses, segundo Bueno.
No curto prazo, o brigadeiro disse que o Cindacta 1 passará a operar, em dezembro, com sete controladores de vôo a mais. Com isso, o centro que atualmente trabalha com 175 controladores, contará com 182.
- Tudo isso são medidas visando à segurança dos usuários - disse Bueno.
Falta de técnico para corrigir pane
O ministro da Defesa, Waldir Pires, disse nesta quinta que o Brasil não tinha técnicos especializados em solucionar o problema que, na terça-feira, interrompeu todas as comunicações entre aviões e torres de controle do Cindacta 1 , tornando inoperantes por três horas todos os aeroportos do Sudeste e do Centro-Oeste, causando a maior pane da aviação civil brasileira.O minstro falou a deputados da comissão extraordinária criada para investigar as causas do caos do tráfego aéreo. O problema de comunicação só pôde ser verificado porque, por casualidade, um técnico francês que trabalha na empresa italiana que fabricou o rádio utilizado pela Aeronáutica, estava em Manaus e foi transferido às pressas para Brasília.
Mais cedo, o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, dissera que o governo estuda a criação de novos quatro centros de controle, que funcionariam como reservas aos atuais quatro Cindactas (Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo). Zuanazzi afirmou ainda que o governo já comprou equipamentos de reserva, iguais aos que falharam na terça-feira, e que eles devem estar completamente instalados até o fim da semana que vem. E, ainda segundo ele, o governo já está providenciando a compra de um novo sistema de rádio para ser instalado em São Paulo, como determinou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma reunião emergencial sobre a crise na terça-feira.
Dia um pouco mais tranqüilo nos aeroportos
Movimento no Aeroporto de Congonhas nesta quinta-feira - Carol Guedes/Diário de S.PauloQuase a metade dos vôos previstos para esta quinta-feira até as 17h sofreu algum tipo de problema: atraso ou cancelamento. Segundo balanço divulgado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), 509 (43,3%) dos 1.175 vôos previstos para o dia sofreram atrasos superiores a uma hora. Outras 42 decolagens (3,57%) também não ocorreram.
- Estamos bem melhor hoje, mas ainda vivemos alguns reflexos da pane de terça-feira - afirmou Zuanazzi.
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