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O Conselho de Ética do Senado volta a se reunir na terça-feira (4), mas seus integrantes não sabem ainda que procedimento será adotado pelo presidente do colegiado, Paulo Duque (PMDB-RJ), para dar seguimento aos escândalos envolvendo o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). O peemedebista já é alvo de 11 pedidos de investigação no colegiado, sendo cinco representações e seis denúncias.

Em meio à guerra de ações, o temor de alguns senadores é que Duque, devidamente orientado pelo comando do PMDB, junte todas as representações contra Sarney em uma só e arquive todos os pedidos de investigação, produzindo uma grande pizza.

Outra hipótese é que não haja relatores para analisar tantas representações. Segunda-feira (3), as denúncias podem passar de 15. "Se mais de uma representação tiver o mesmo teor, essas podem ser juntadas numa só. Mas são 11 pedidos de investigação envolvendo várias denúncias diferentes. A ideia deles (do grupo de Sarney) é tentar arquivar tudo", afirma Renato Casagrande (PSB-ES). "O problema é que a cada dia a situação de Sarney fica mais difícil", completa.

Segundo as regras, quando uma representação é arquivada pelo presidente do Conselho, pode haver recurso ao plenário do colegiado, depois de publicada a decisão. "No processo contra o Renan, ano passado, fizeram isso, juntaram assuntos semelhantes numa mesma representação. Mas o momento é péssimo para articular qualquer coisa", disse Wellington Salgado (PMDB-MG). "Podem tentar juntar tudo numa só representação e arquivar tudo. Mas isso só vai aumentar a agonia do presidente Sarney", disse o líder tucano, Arthur Virgílio (AM).

Denúncias podem chegar a 15

Segunda-feira (3), os pedidos de investigação podem passar de 15. O PMDB analisa apresentar até quatro ações contra Arthur Virgilio, por quebra de decoro na contratação de um funcionário fantasma, em represália às três representações contra Sarney de autoria do partido. O tucano, por sua vez, estuda outra ação, desta vez contra o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), alegando que ele quebrou o decoro ao chantagear o PSDB.

Além do fato de ter mantido o filho de um amigo na folha de pagamento do Senado, enquanto o jovem estudava no exterior por quase dois anos, o PMDB quer questionar o empréstimo que Virgílio teria recebido do ex-diretor-geral Agaciel Maia, e até denúncias de gastos excessivos do plano de saúde do Senado com seus familiares.

Renan afirmou nesta quinta-feira que é Sarney quem defende uma reação do PMDB: "Conversei hoje com ele (Sarney) e me disse que o partido tem que agir", contou Renan à Agência Brasil.

Virgílio estuda representar contra Renan por quebra de decoro

Virgílio, por sua vez, disse que o PSDB estuda a possibilidade de representar no Conselho de Ética contra Renan por quebrar o decoro ao tentar intimidar os tucanos e tentar negociar um acordo para impedir novas representações contra Sarney. "Ele (Renan) me disse no telefone: Se o PSDB fizer as representações, vamos ter de representar também contra o PSDB. Eu lhe disse: Renan, vamos ser francos, é contra mim, pois então represente, vá em frente. Ou seja, pela política dele, todos podem matar, roubar, traficar no Senado que se não mexer com eles, não querem saber, não tem importância. Ele falou para o Sérgio Guerra em reciprocidade: não me denuncia que não te denuncio. Como assim? Isso para mim é máfia, camorra", disse Virgilio. "Tudo bem. Vamos ver quem é quem. Minha vida está aí para examinarem. A deles eu tenho na mão", acrescentou o parlamentar.

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