O governo do Peru espera que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deporte o ex-presidente Alejandro Toledo, que estaria em San Francisco, Califórnia, e é procurado pela justiça peruana pela acusação de ter recebido subornos milionários da empreiteira Odebrecht.
O presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, conversou com Trump no domingo (12) e pediu, entre outras coisas, que estude a possibilidade de deportar Toledo para que seja processado em Lima.
“O presidente Kuczynski solicitou a Donald Trump avaliar, no âmbito das competências que a lei de migração desse país dá ao Departamento de Estado, a opção de deportar Toledo para o Peru”, informou no domingo o governo.
A justiça peruana emitiu uma ordem de captura internacional e prisão preventiva de 18 meses para Toledo, por supostamente ter recebido US$ 20 milhões da Odebrecht para favorecer a empresa na construção de uma rodovia que liga Peru e Brasil.
O governo de Lima suspeita que Toledo, professor visitante da Universidade de Stanford, está em San Francisco e oferece US$ 30 mil por informações que ajudem em sua captura. Em seu Twitter, Toledo afirma que é professor visitante em Stanford, e postou uma carta para comprovar o vínculo com a instituição.
Nunca me he fugado de nada, pero me llaman "fugitivo" -- una distorsión maquiavélicamente polÃtica que rechazo. #maquiavelicamente pic.twitter.com/nNMG65a8At
— Alejandro Toledo (@AlejandroToledo) 13 de fevereiro de 2017
O ex-presidente é acusado de tráfico de influência e lavagem de dinheiro. A Procuradoria tem como base depoimentos e documentos do ex-representante da Odebrecht no Peru, Jorge Barata, que afirmou ter repassado o dinheiro a Toledo através das contas de um amigo deste, o empresário peruano-israelense Josef Maiman.
O dinheiro, segundo a Procuradoria, foi utilizado para pagar hipotecas e propriedades no Peru vinculadas a Toledo por meio de uma empresa offshore.
Toledo nega a fuga
Em uma mensagem publicada no domingo à noite no Twitter, sem informar seu paradeiro, o ex-presidente afirmou que nunca fugiu, já que não era processado quando deixou o país. “O tribunal em Lima não pediu meu testemunho para ajudar com sua investigação. Ao contrário, me acusou de delitos que não cometi e que o tribunal não pode comprovar”, escreveu. Toledo não informou se retornará ao Peru.
2.En Lima, el juez en la acción en mi contra declaró que esa presunción "no es absoluta" en el Perú ¡Eso es una infamia! #maquiavélicamente pic.twitter.com/44cBHP6fr3
— Alejandro Toledo (@AlejandroToledo) 13 de fevereiro de 2017
1. Todos los Peruanos tenemos el derecho a la presunción de la inocencia y el debido proceso dentro de la ley. #maquiavelicamente pic.twitter.com/qpo3S5Dmxx
— Alejandro Toledo (@AlejandroToledo) 13 de fevereiro de 2017
Nunca me he fugado de nada, pero me llaman "fugitivo" -- una distorsión maquiavélicamente polÃtica que rechazo. #maquiavelicamente pic.twitter.com/nNMG65a8At
— Alejandro Toledo (@AlejandroToledo) 13 de fevereiro de 2017
Apesar de a Interpol ter emitido um alerta vermelho para localizar Toledo em 190 países, o governo dos Estados Unidos solicitou a Lima que justifique os motivos pelos quais o ex-presidente deve ser detido para que um juiz local decida sobre o pedido de captura.
Uma fonte do Ministério Público explicou à AFP que o Departamento de Estado informou que faltavam alguns detalhes para que o pedido fosse aceito por um tribunal americano. O juiz Richard Concepción, que ordenou a prisão de Toledo, que deve apresentar um novo requerimento nas próximas horas.
Sem uma ordem para impedir sua saída, o Peru temia que Toledo viajasse para Israel, país do qual sua esposa Eliane Karp tem cidadania.
Mas o governo israelense, por meio do porta-voz do ministério das Relações Exteriores Emmanuel Nahshon, informou que “Toledo será autorizado [a ingressar] em Israel apenas quando os assuntos pendentes no Peru estiverem solucionados”.
Kuczynski agradeceu ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pela decisão de impedir a entrada de Toledo, informou a presidência.
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