Insatisfeito com o tratamento que recebeu do PT após ser acusado de integrar uma rede de corrupção em órgãos públicos, o ex-deputado André Vargas (ex-PT-PR) viu, um dia antes de ser preso, a nomeação de um irmão como funcionário na Câmara dos Deputados.
Loester Vargas Ilário foi nomeado como secretário parlamentar, cargo de indicação política, para o gabinete do petista Toninho Wandscheer (PT-PR). O salário pode chegar a R$ 9.440, valor que leva em consideração gratificações.
Loester é investigado na Justiça por suspeita de fraude nas doações de campanha de André Vargas para a Câmara, no pleito de 2006.
Ele era tesoureiro e assinou as prestações de contas do irmão. Loester afirmou que ocupou o cargo apenas “formalmente, não tendo exercido tal encargo de fato” e que assinou o material sem ler. Pelo Código Eleitoral, o tesoureiro e o candidato são responsáveis “pela veracidade das informações financeiras e contábeis de sua campanha”.
Ao relatar visitas a Vargas em Brasília, na época em que ele era vice-presidente da Câmara e não tinha sido atingido pelo escândalo, Toninho chamava em seu site o ex-correligionário de “meu amigo e um companheiro”. Vargas, nas eleições de 2014, fez uma doação de R$11.000 para a campanha de Toninho.
No escritório, Loester não foi localizado nesta segunda. Os funcionários disseram desconhecer o novo colega.
Procurado nesta segunda, o deputado afirmou, por meio de sua assessoria, que só vai se manifestar nesta terça sobre a contratação.
Vargas foi preso na sexta-feira (10) por causa dos desdobramentos da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras. A detenção faz parte da 11ª fase da operação, que investiga suspeita de irregularidades na Caixa e no Ministério da Saúde, onde os desvios foram feitos a partir de contratos de publicidade.
Segundo a PF, 10% do valor dos contratos mantidos com a Caixa e com o ministério eram desviados para empresas de fachada de Vargas e de seu irmão, Leon Vargas, que também foi detido.