Políticos filiados ao PT no Paraná saíram em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo da mais recente fase da Operação Lava Jato. A senadora Gleisi Hoffmann e o deputado federal Enio Verri disseram nesta sexta-feira (4) que os cumprimentos de mandados nos endereços ligados a Lula e a seus familiares e a condução coercitiva do ex-presidente para que ele preste depoimento se tratam de uma perseguição política e de uma conspiração contra a legenda.
Protestos pró e anti-Lula são marcados após ex-presidente ser alvo da Lava Jato
“É uma operação política. Caiu o manto de suposta imparcialidade”, diz líder na Câmara
“Estamos todos muito indignados. Não havia justificativa para submetê-lo a esse constrangimento. O ex-presidente tem cooperado com todas as solicitações, seja do Ministério Público ou do Judiciário, para falar sobre as questões que estão imputando contra ele. Essa é uma ação para ter efeito midiático”, afirmou Gleisi, em entrevista concedida por telefone.
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A senadora afirmou ainda que não vê ligação entre a publicação da reportagem da revista IstoÉ com a suposta delação premiada do senador Delcidio do Amaral (sem partido-MS) com a 24ª Fase da Operação Lava Jato. “O conteúdo [da operação] não tem nada haver com aquilo [a reportagem]. Os motivos de hoje, ele [Lula] já depôs e explicou tudo. Isso é uma conspiração da mídia com setores do judiciário para atingir o ex-presidente”.
Gleisi disse ainda que os advogados do ex-presidente e do próprio partido deverão adotar todas as medidas jurídicas sobre a operação desta sexta-feira, mas que os políticos do partido também adotarão medidas para o que ela chamou de “defesa do estado de direito”.
Procurado pela reportagem, o deputado federal Enio Verri (PT) disse que não poderia conceder entrevista porque estava embarcando para São Paulo. Ele disse, porém, que tudo o que tem a dizer está em sua nota publicada na sua rede social pessoal. No texto, Verri presta solidariedade a Lula e disse que o partido repudia com veemência “a perseguição política e jurídica e a tentativa de criminalizar e desconstruir a história de lutas do maior líder popular brasileiro”. O deputado também afirma que o PT-PR está convocando militantes, apoiadores e lideranças regionais para ocupar as ruas e redes sociais em defesa de Lula e da democracia.
“É uma operação política. Caiu o manto de suposta imparcialidade”, diz líder na Câmara
Catarina Scortecci
O líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados, Afonso Florence (PT-BA), afirmou que a fase da Lava Jato demonstra que a operação se tornou “evidentemente política”. “Mais uma etapa da operação Lava Jato que confirma que é uma operação política. Ela é ilegal e política, atacando o presidente Lula, o PT, e, principalmente, as conquistas populares do último período. Agora tirou o manto de possível imparcialidade. É uma operação política”, afirmou ele.
O parlamentar concedeu uma entrevista à imprensa por volta das 9 horas, no salão verde da Câmara. Na sequência, ele seguiria para São Paulo, onde vai se reunir com membros do diretório nacional do PT.
Florence disse que as instituições - como a Polícia Federal, o Ministério Público Federal, a Justiça Federal – não são “políticas”, mas que há agentes públicos “direcionando” as investigações da Lava Jato: “A conotação política existe por suas escolhas individuais. Não são as instituições”. Agentes públicos “de diferentes poderes” estariam “colocando gasolina na fogueira”, segundo ele. “É evidentemente dirigida, é uma escolha política”, repetiu ele.
Além disso, continuou Florence, o direcionamento nas investigações estaria em conexão com a oposição ao governo federal e seu plano de impeachment contra a presidente Dilma. “O impeachment perdeu toda a densidade política, não tem densidade jurídica, então se busca fato para sustentar uma disputa política prolongada em cima da crise. A oposição se beneficia disso, porque não tem lastro social, eleitoral. Perdeu a eleição e é contra o programa de melhoria da qualidade de vida do povo”, afirmou ele.
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