Pelo menos 15 dos 23 executivos presos na sétima fase da Operação Lava Jato foram ouvidos pelos delegados da superintendência da Polícia Federal em Curitiba desde sábado (15), quando os 17 pedidos de prisão preventiva e seis de prisão provisória foram emitidos. Nesta segunda (17), ao menos dez depoimentos foram tomados pelos quatro delegados incumbidos de ouvir os executivos, em relatos que variaram de uma hora e vinte minutos a quatro horas e meia.
O depoimento mais longo foi o do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que, segundo o advogado Renato de Moraes, negou toda e qualquer ligação com os crimes investigados pela Operação Lava Jato."Não tem acusação. O que teria é um depoimento judicial do Paulo Roberto Costa. Ele teria dito que o proceder dele na secretaria de Abastecimento era o mesmo na secretaria de Serviços. Ele [Duque] nega isso, isso nunca aconteceu. Não sei em que condições ele [Costa] prestou esse depoimento. É um disse me disse, um ouviu dizer, e isso não tem valor legal", afirmou o advogado.
A Polícia Federal não confirma quantos depoimentos formam tomados até o momento. A princípio, optaram por não fala somente cinco executivos da empreiteira OAS: José Ricardo Nogueira Breghirolli, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Mateus Coutinho de Sá Oliveira, Alexandre Portela Barbosa e José Aldemário Pinheiro Filho.Valdir Lima Carreiro e Otto Garrido Sparenberg, da Iesa, falaram por cerca de uma hora e meia cada um.
"Não há a hipótese de cartel. Os delegados descartaram essa informação. [A Iesa] É uma empresa que vem em recuperação financeira desde junho do ano passado", afirmou um dos advogados da empresa, Edson Silvestrin.Erton Medeiros Fonseca, da Galvão Engenharia, também falou, por cerca de duas horas. O advogado dele, José Luis de Oliveira Lima --que também atende o petista José Dirceu-- afirmou apenas que pediu para apresentar à polícia documentos a favor de seu cliente.
O depoimento do suspeito de ser o emissário das empreiteiras, Carlos Alberto da Costa Siva, durou quatro horas, segundo o advogado Antonio Figueira Basto, que também atende Alberto Youssef. Para o doleiro, que tem problemas cardíacos, o advogado deve solicitar nesta terça (18) uma avaliação médica para tentar uma transferência da prisão, na sede da PF em Curitiba, para um hospital.
A previsão da Polícia Federal é que todos os depoimentos sejam encerrados nesta terça. Alguns que estavam programados para esta segunda, como os dos executivos da construtora Camargo Correa Dalton dos Santos Avancini e João Ricardo Auler, foram adiados para terça-feira. "A empresa está colaborando com as investigações, forneceram suas caixas de e-mail", declarou o advogado da empresa Celso Vilardi. Jayme Alves de Oliveira Filho, subordinado do doleiro Alberto Youssef, que também deveria ter falado hoje, será ouvido nesta terça.
O advogado Alberto Toron, que representa Ednaldo Alves da Silva, Ricardo Ribeiro Pessoa e Walmir Pinheiro Santana, executivos da UTC, se queixou de não ter sido informado sobre o teor das acusações a seus clientes. "É outra coisa que nos causa perplexidade. Até hoje nenhum dos advogados [de defesa] teve acesso à delação premiada. Não temos ciência da carga acusatória sobre as pessoas que serão inqueridas", afirmou. Foragido da Justiça, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, é esperado para prestar depoimento na terça, mas seu advogado, Mario Oliveira Filho, não confirmou se ele comparecerá à superintendência da PF.
"O Fernando é um camarada que está sendo usado como bode expiatório, só isso. Não tem nada com o PMDB. Vinha colaborando, se apresentou espontaneamente por duas vezes por petição, forneceu endereço, aceitou intimação por telefone, o que não existe, abriu mão da carta precatória para responder no Rio de Janeiro, marcou audiência para amanhã e então [a PF] mandou prender. Não tem sentido", declarou o advogado nesta segunda-feira.
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