Meses antes de formalizar o rompimento com o PT, o PMDB apresentou seu “plano de governo”. Em outubro de 2015, a sigla lançou o documento “Uma Ponte para o Futuro”, no qual defende reformas profundas e medidas de austeridade com grandes chances de serem consideradas amargas demais pela população.
INFOGRÁFICO: Veja as principais medidas de Michel Temer
Com a saída do partido do governo, as chances de impeachment – e de um governo peemedebista na sequência – cresceram. Resta saber se, no poder, Michel Temer (PMDB) teria condições políticas de tocar o plano.
Lava Jato e ações no TSE deixam possível governo Temer longe da estabilidade
Leia a matéria completaO documento lista propostas que vão além de um mero ajuste fiscal. O PMDB propõe, por exemplo, a retirada de direitos trabalhistas, a revisão anual de programas sociais, uma idade mínima para a aposentadoria e o fim de todas as vinculações constitucionais de gastos públicos – gastos mínimos com saúde ou educação, por exemplo. O Congresso também sairia fortalecido, com a instituição do orçamento impositivo.
Para o cientista político André Ziegmann, do Uninter, trata-se de uma agenda politicamente difícil de ser implementada. No seu entendimento, caso Temer alcance o governo, chegará com um mandato contestado por parte da população e um clima de tensão política que impedem a realização de grandes reformas.
Ele lembra que Fernando Henrique Cardoso, com uma boa avaliação e eleito no primeiro turno, tentou implementar grandes reformas estruturais e esbarrou na população e nos próprios políticos. No caso de Temer, a oposição feita por movimentos sociais e sindicatos, que já questionariam seu mandato com ou sem reformas, dificultariam essas mudanças.
Já Ricardo Caldas, cientista político da UnB, acha o oposto. Para ele, caso Temer assuma a Presidência, ele terá um forte apoio da maioria dos partidos. Isso neutralizaria a oposição e os questionamentos feitos pelo PT e pela esquerda. Para Caldas, Temer tende a fazer um governo de unidade nacional e sem a pretensão de se manter no poder após 2018.
Esse cenário facilitaria a aprovação de medidas estruturais potencialmente impopulares. De acordo com ele, seria algo parecido com o governo de Itamar Franco. Após assumir a Presidência, ele encampou o Plano Real.
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