Um dia depois da megaoperação policial realizada nesta quinta-feira , o chefe da Polícia Civil, Gilerto Ribeiro, afirmou, em entrevista ao telejornal Bom Dia Brasil, que outras operações ainda serão realizadas no Complexo do Alemão. Ele afirmou ainda que ações como essas também poderão ser realizadas em outras comunidades. De acordo a secretaria de Segurança, as novas operações poderão ser realizadas até com número maior de policiais.
"O estado não vai deixar de se fazer presente em todos os lugares onde as pessoas vivam. Não é possível se imaginar que a Polícia Civil e a Polícia Militar não consigam entrar nessas localidades, que o estado não consiga se fazer presente e que os criminosos é que ditem as regras. Isso não vai acontecer", disse Ribeiro, que ainda elogiou a atuação da polícia na megaoperação da quarta, 27:
"Eu acho que a polícia, na operação de ontem, deu uma demonstração de que é possível entrar em qualquer comunidade no Rio de Janeiro. É evidente também que nem todas as armas que estão lá dentro foram retiradas. Ainda existem muitas armas naquele complexo. Novas operações podem acontecer, no sentido de desarticular a quadrilha e desarmar os criminosos."
Na manhã desta quinta-feira a situação é de aparente tranqüilidade no Complexo do Alemão. Homens da Força Nacional de Segurança (FNS) começam a chegar nos acessos ao conjunto de favelas para render a Polícia Militar, que ocupou os acessos às favelas durante a madrugada. De acordo com as primeiras informações, não houve confrontos durante a madrugada.
O comércio no local já começa a abrir, mas até o momento não há movimentação de estudantes a caminho das escolas. A situação no momento é aparentemente tranqüila. Por causa do tiroteio, oito escolas municipais localizadas nas proximidades do conflito tiveram as aulas suspensas. Estas oito escolas possuem cerca de 4 mil alunos matriculados.
A megaoperação terminou com 19 mortos e treze pessoas feridas, entre elas uma estudante que estava na escola e uma criança . Treze corpos foram recolhidos pela própria polícia, e outros seis foram deixados à noite numa van em frente à 22.ª DP (Penha). entre os feridos, sete pessoas foram vítimas de balas perdidas, além de um policial e cinco traficantes atingidos. A operação reuniu 1.350 policiais, entre civis, militares e soldados da Força Nacional; e foi a maior realizada no complexo desde que a polícia ocupou as favelas , no dia 2 de maio, após criminosos que seriam do Alemão terem assassinado dois policiais, em Oswaldo Cruz, também na Zona Norte. O secretário de segurança José Mariano Beltrame negou que haja relação entre a operação desta quarta e a proximidade dos Jogos Panamericanos.
Em entrevista coletiva, Beltrame disse que "desta vez a secretaria quebrou o pacto de não-agressão contra os bandidos" . O secretário de Segurança lamentou ainda que tenha havido mortos e feridos durante a operação, mas garantiu que a ação não foi violenta. Ele afirmou que os policiais, que teriam sido rechaçados brutalmente pelos traficantes locais, não teriam entrado nas favelas para buscar a violência, mas para cumprir a obrigação de desarmar a quadrilha que atua no local. Já o chefe de Polícia Civil chamou, em entrevista ao telejornal RJTV, a operação de "incursão cirúrgica" e disse que o horário foi planejado de forma em que fosse reduzido o risco para a população.
Foram encontrados, ao longo do dia, 50 unidades de explosivo em pasta com um dispositivo detonador, três fuzis, duas submetralhadoras, cinco pistolas, um revólver de calibre 38, quatro morteiros, um rojão e um lança-rojão e duas metralhadoras de calibre.30 (comumente utilizadas em combates antiaéreos), além de pólvora e espoleta (usadas para fazer munição) e mais de 2 mil projéteis de calibres variados. Foram apreendidos ainda 113 quilos de maconha, 30 quilos de cocaína, dois quilos de pedras de crack, um quilo de crack em pasta e cerca de cem frascos de lança-perfume.
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