Deputado estava com carteira suspensa por multas
- RPCTV
A Delegacia de Delitos de Trânsito de Curitiba informou nesta terça-feira (12) que fez o pedido de exames de dosagem alcoólica no sangue do deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho, que ficou gravemente ferido após se envolver em um acidente, na semana passada, no qual duas pessoas morreram. O inquérito que visa apurar as responsabilidades da batida já foi encaminhado ao Tribunal de Justiça do Paraná.
À Agência Estadual de Notícias, o delegado que presidiu o inquérito, Armando Braga de Moraes Neto, explicou que solicitou os exames no material que foi colhido pelos médicos e agora aguarda resultado. No dia após o acidente, o Hospital Evangélico informou que ainda não haviam sido realizados exames de dosagem alcoólica ou toxicológicos para averiguar a possibilidade do deputado estar sob o efeito de entorpecentes. Segundo o hospital, era de competência da polícia fazer ou solicitar esse tipo de exame. O exame de dosagem alcoólica pode detectar indícios até 12 horas depois da ingestão de bebidas. Em um primeiro momento, a polícia disse que só solicitaria o exame se houvesse forte suspeição do uso de substâncias que alteram a consciência.
"Agora o Tribunal irá designar um desembargador que presidirá as investigações. Todo o conteúdo, inclusive pedidos de laudos, exames e perícias e os depoimentos colhidos estão sendo encaminhados não só para o TJ como também uma cópia em mãos para o promotor Rodrigo Chemim, do MP", relatou o delegado.
Segundo a agência, já foram requeridos laudos ao Instituto de Criminalística sobre o local do acidente e ao IML com o exame de necropsia das vítimas. O delegado recebeu da Urbs órgão da Prefeitura de Curitiba que gerencia o trânsito na cidade - imagens dos radares da rua onde aconteceu a colisão e de vias próximas que possam auxiliar nas investigações. A delegacia também recebeu imagens da câmera de vigilância do posto de combustível, na esquina onde aconteceu a colisão.
A polícia já ouviu duas testemunhas presenciais, uma delas estaria trafegando atrás do Honda Fit e a outra mora na esquina onde ocorreu a colisão, o dono do restaurante e os garçons que serviram o deputado, momentos antes do acidente. Também foram ouvidos os policiais do BPTran, da PM e do Siate que atenderam o local.
De acordo com o promotor Rodrigo Chemim, que acompanha as investigações, não há nenhuma testemunha que tenha visto o velocímetro do carro em 190 quilômetros por hora. "Até agora, ninguém, nenhuma das testemunhas e pessoas ouvidas confirmou ter visto o velocímetro do carro marcando 190 km/h. Esta informação ainda não está confirmada por isso pedimos a quem quer que tenha visto o velocímetro que nos procure urgentemente", disse à agência.
Multas
Reportagem da Gazeta do Povo desta terça-feira mostra que o deputado estadual Carli Filho estava com a carteira de habilitação vencida e não poderia dirigir desde julho do ano passado. O parlamentar foi multado 30 vezes nos últimos seis anos e acumula 130 pontos na carteira de motorista. Do total, 23 foram por excesso de velocidade seis delas a menos de dois quilômetros do local da batida da última quinta-feira.
Saúde
Até o início da noite de segunda-feira, o deputado permanecia na UTI do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e mesmo com traumatismo múltiplo na face, ele estava consciente e respirando sem ajuda de aparelhos. As informações, divulgadas em nota assinada pelo neurocirugião Hallim Feres Jr., dizem ainda que os exames não haviam determinado o tratamento a ser adotado.
Acidente
A colisão aconteceu na esquina das ruas Monsenhor Ivo Zanlorenzi e Paulo Gorski na madrugada de quinta-feira (7). O deputado dirigia um Volkswagen Passat de cor preta, que acabou batendo contra um Honda Fit de cor prata. Após a colisão, os carros foram parar na Rua Barbara Cvintal, uma via local paralela à Monsenhor Ivo Zanlorenzi. Pedaços de lataria, vidros e ferros ficaram espalhados por cerca de cem metros.
Os dois ocupantes do Honda, Gilmar Rafael Souza Yared, 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20 anos, morreram no local. Eles voltavam do Park Shopping Barigui, onde Almeida trabalha. Yared estudava psicologia e planejava viajar para Austrália.
Embora a ocorrência tenha acontecido durante a madrugada, a família só ficou sabendo que o deputado tinha se envolvido no acidente por volta das 10h de sexta-feira. A funcionária do apartamento de Fernando Ribas Carli, localizado a poucos metros do local do acidente, viu as imagens na televisão dos dois veículos pela manhã e reconheceu o deputado pelo cabelo e a roupa. Imediatamente avisou a família, que iniciou a busca em hospitais.
O automóvel dirigido por Carli Filho não era usado por ele diariamente. Ele tem uma Land Rover, que estava no conserto. O Passat era da transportadora do pai.
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