O “núcleo duro” do Palácio do Planalto avaliou a nova fase da Operação Lava Jato como mais uma tentativa do juiz Sérgio Moro de envolver o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em novo escândalo, um dia depois de o Supremo Tribunal Federal decidir manter na Corte todas as investigações sobre o petista. Embora o discurso oficial seja o de que Moro está “politizando” a Lava Jato, há no Planalto uma preocupação com denúncias que possam aparecer às vésperas da votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara.
No caso em questão, o “imponderável” tem nome e sobrenome: Silvio Pereira, personagem de destaque no escândalo do mensalão, em 2005. Conhecido como Silvinho, o ex-secretário-geral do PT era o homem que tinha em mãos o mapa dos cargos no início do primeiro mandato de Lula, em 2003, e atuava em dobradinha com o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, preso pela Lava Jato. Silvinho foi detido ontem e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares - preso no mensalão - foi alvo de condução coercitiva, obrigado a depor pela Polícia Federal.
Ministros do PT que conhecem Silvinho disseram ontem à presidente que ele não resiste à mínima pressão e pode até “inventar” coisas para se salvar. Para o Ministério Público Federal (MPF), o esquema de corrupção na Petrobras é mais um braço do mensalão. Em janeiro, o delator Fernando Moura afirmou, em acordo de delação premiada, que Silvinho recebia das empreiteiras OAS e UTC Engenharia um “cala boca” de R$ 50 mil mensais para não contar tudo o que sabia.
Moura contou ao Ministério Público que Roberto Marques, o Bob, ex-assessor de Dirceu, pediu a ele que “protegesse” Silvinho. Questionado sobre o motivo, o delator afirmou: “Não sei, o problema do Sílvio com o PT é muito forte porque todo esse processo que foi feito de Petrobras quem começou foi o Sílvio.”
Na busca de votos para barrar o impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados, o governo faz de tudo para manter distância de mais turbulências, pois qualquer fato com potencial de desgaste provoca instabilidade e pode agravar a crise política.
O Planalto está confiante no julgamento do Supremo que decidirá sobre a nomeação de Lula para a chefia da Casa Civil, nos próximos dias, mas teme que novas delações esbarrem no ex-presidente e atinjam Dilma. No PT o comentário é que o juiz Moro vai levar a Lava Jato no mínimo até as eleições municipais de outubro, por causa do impacto das investigações sobre as disputas.
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