Preso aceita colaborar em troca da delação premiada

O sobrinho do ex-deputado (PSB-PR) Nilton Servo, Andrei Cunha Galileu, preso na Operação Xeque-Mate , aceitou colaborar com as investigações em troca da delação premiada. Andrei era gerente de uma casa de jogos em Campo Grande, onde a Polícia Federal apreendeu máquinas caça-níqueis. Ainda não se sabe como ele será beneficiado. Não se sabe ainda se ele apenas contou detalhes ou se também entregou documentos.

Outro preso na operação, Dario Morelli, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e militante do PT, declarou à Polícia Federal que recebia um salário de R$ 1.500 de Nilton Servo. Morelli explicou que trabalhava informalmente como uma espécie de gerente financeiro da Deck Vídeo Bingo, instalada em Ilhabela, no litoral de São Paulo, há cerca de seis meses.

A PF suspeita que Morelli, que foi preso na segunda-feira em São Bernardo do Campo, tenha uma sociedade com Servo. De acordo com Morelli, ele passaria a receber 20% do negócio, mas somente depois que Servo tivesse recuperado 100% de seu investimento.

Nesta sexta-feira, a Polícia Federal deve pedir a prorrogação da prisão temporária dos detidos na Operação Xeque-Mate. Até a noite desta quinta-feira, foram detidos 79 do total de 85 mandados da operação. Todos, com prisão temporária de cinco dias, já prestaram depoimento na PF.

Um dos mandados de busca e apreensão cumpridos refere-se aGenival Inácio da Silva, o Vavá, irmão de Lula. O motivo da investigação do irmão de Lula teria sido um telefonema que ele recebeu de Nilton Servo. A edição desta quinta-feira do jornal O Globo revela também que Vavá pedia dinheiro a empresários de bingos e caça-níqueis , a pretexto de influir politicamente no Executivo e explorar seu prestígio junto ao Judiciário.

Na quarta-feira, a Deck Vídeo Bingo sofreu apreensão da PF. A empresa estaria em nome de Renato Costacurta Prata, preso na operação e apontado como um possível laranja de Servo. No início, Prata gerenciava a empresa, mas passou a receber apenas R$ 1 mil por mês de Servo para que a empresa ficasse em seu nome.

Em mais de oito horas de depoimento, Morelli respondeu perguntas sobre sua amizade com Lula e também com o irmão do presidente, Genival Inácio da Silva, o Vavá, indiciado por tráfico de influência e exploração de prestígio. Morelli disse que não costumava falar com Vavá por telefone e que não sabe de seu envolvimento. Ele reiterou que Vavá é só seu conhecido e que sua amizade é com Lula. Ele disse que Lula é padrinho de um filho seu e que a relação de amizade é muito ante$à eleição para presidente.

Morelli disse que é militante do PT e mantém uma empresa de locação de carros, a Dario Morelli ME, que funciona apenas em períodos eleitorais. Ele locava de terceiros e repassava a candidatos, segundo explicou.Leia a matéria na íntegra no Globo Digital

Em entrevista coletiva na Alemanha, depois de participar de uma reunião de líderes do Grupo dos Oito, G-8, o presidente Lula reagiu irritado ao ser perguntado por jornalistas sobre o envolvimento de Vavá com investigados pela operação.

- Deixa eu dizer pra você uma coisa: é que eu não acho justo depois de uma reunião com cinco países importantes, pra discutir um assunto dessa magnitude, você me perguntar um assunto que eu poderia responder pra você na segunda-feira em São Paulo, na terça-feira em Brasília, na quinta-feira no Rio de Janeiro - disse Lula.

Nesta quinta-feira, os delegados da PF analisaram os documentos apreendidos e as informações dos interrogatórios. Em seis meses de investigações, os foram gravadas 166 mil conversas telefônicas e 600 foram incluídas no inquérito. Nesse mesmo período, a Polícia Federal apreendeu, só em Mato Grosso do Sul, mil máquinas caça-níqueis.

O depoimento mais longo foi de Nilton Servo, que durou quase 13 horas. Com o cruzamento dos dados, a polícia espera traçar o grau de envolvimento dos acusados e o esquema de funcionamento dos jogos de azar.